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Manifestantes egípcios lutam com a polícia; uma pessoa morre

Manifestantes que exigem o fim do governo militar no Egito entraram em confronto este sábado com a polícia, perto do Congresso egípcio, em mais um acontecimento que levanta dúvidas sobre a eleição parlamentar considerada a primeira votação livre do país em décadas. Os manifestantes disseram que um homem, Ahmed Sayed, de 21 anos, morreu após ter sido atingido por um veículo de segurança.

A sua morte foi a primeira desde que uma trégua entre a polícia e os manifestantes, ocorrida na quinta-feira, provocou a diminuição da violência que já matou 41 pessoas no Cairo e em outras localidades. O Ministério do Interior egípcio afirmou que o veículo atingiu o manifestante por acidente.

Centenas de pessoas acamparam durante a madrugada na Praça Tahrir, antes das eleições, que devem começar na segunda-feira no Cairo, em Alexandria e em outras regiões. Os confrontos ocorreram depois que um grupo de manifestantes marchou até o Parlamento em protesto contra a indicação de Kamal Ganzouri, um ex-primeiro ministro de Hosni Mubarak, como novo primeiro-ministro. “Abaixo, abaixo com o marechal”, gritava um grupo na praça, perto das barracas que foram armadas em um gramado. Eles referem-se a Mohamed Hussein Tantawi, que chefia o conselho governamental do Exército e que foi ministro da Defesa de Mubarak por 20 anos.

O conselho militar afirmou na sexta-feira que cada etapa de votação será realizada por dois dias, em vez de um, para dar a todos a chance de votar. A eleição começa na segunda-feira, mas não acabará até o início de janeiro, por causa dos vários estágios de votação.

Manifestantes da Praça Tahrir classificam Ganzouri, primeiro ministro entre 1996 e 1999, como outro rosto do passado e cuja indicação reflete a resistência dos generais à mudança. “Por que estão a escolher Ganzouri agora? Isso mostra que o Exército não quer deixar o poder e, por isso, está reciclando um ex-aliado. Se este governo não terá qualquer poder, por que colocar alguém que é leal a ele?”, afirmou o manifestante Mohamed El Meligy, de 20 anos.

Dezenas de milhares de pessoas juntaram-se na sexta-feira para exigir que o conselho militar deixe o poder agora, para acelerar a transição à democracia. Preocupados com a violência, os Estados Unidos e a União Europeia pediram uma rápida transição para um governo civil em um país cujos longos problemas políticos aumentaram as deficiências econômicas.

Os generais estão a resistir aos pedidos de saída. Em vez disso, eles prometeram que um novo presidente será eleito em meados de 2012, mais rápido do que previamente anunciado. Na sexta-feira, o conselho militar nomeou Ganzouri para chefiar um “governo de salvação nacional”.

Ganzouri descreveu a sua tarefa como ingrata e “extremamente difícil”, dizendo que sua prioridade é levar segurança às ruas e ajudar na retomada da economia. O peso egípcio chegou ao seu valor mais baixo em sete anos, e as reservas internacionais caíram um terço desde dezembro de 2010.

DIVISÃO

Enquanto dezenas de milhares de pessoas se agrupavam na Praça Tahrir, pelo menos 5 mil pessoas mostraram apoio ao Exército em outra praça do Cairo, realçando a divisão entre jovens que pedem reformas radicais e egípcios mais cautelosos, que querem a restauração da normalidade no país.

A indicação de Ganzouri reforçou essa divisão. “Ele é um homem muito bom, ele fez muitas boas coisas. Se ele tivesse continuado no seu papel (em 1999), a situação seria muito melhor”, afirmou Osama Amara, de 22 anos, um funcionário de restaurante.

Manifestantes apresentaram as suas próprias exigências para um governo, cujo comandante seria o candidato presidencial e ex-chefe da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), Mohamed ElBaradei.

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