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Manifestação contra tropas no Afeganistão queima retrato de Obama

Centenas de afegãos queimaram um retrato do presidente Barack Obama durante uma manifestação nesta quarta-feira em Jalalabad (leste do Afeganistão) para protestar contra as tropas ocidentais, acusadas de terem matado estudantes durante uma operação no sábado passado.

O gabinete presidencial também informou nesta quarta que uma investigacão sobre a morte dos civis demonstrou que eles foram tirados de suas casas e mortos a balas pelas tropas estrangeiras. Entre as vítimas figuram oito estudantes de idades compreendidas entre 13 e 17 anos, segundo a declaração do gabinete do presidente Hamid Karzai.

As tropas internacionais baseadas na província de Kunar, onde ocorreram os fatos declararam aos investigadores governamentais que não estavam a par do incidente. “Uma undiade das forças internacionais desceu de um avião no distrito de Narang, na província de Kunar, e tirou dez pessoas de três casas, oito delas estudantes, e as matou baleadas”, afirma o comunicado citando o chefe da equipe de investigadores.

Em sua manifestação, os estudantes, em sua maioria da Universidade da província de Nangarhar, cuja capital é Jalalabad, bloquearam as ruas da cidade e desfilaram aos gritos de “Morte a Obama” e “Morte às forças estrangeiras”. “O governo deve impedir estas operações unilaterais ou pegaremos em armas para combater as forças internacionais”, ameaçaram os estudantes em um comunicado. Os manifestantes queimaram uma bandeira americana e um boneco de pano com o retrato de Obama.

Na segunda, o presidente Karzai acusou as forças internacionais presentes de terem matado dez civis, entre eles oito estudantes, sábado, no leste do país, condenando com firmeza a operação. A Otan afirma por sua vez não ter realizado, no dia, nenhuma atividade na região, mas um de seus dirigentes, em Cabul, informou que forças especiais americanas estiveram no local, naquele momento. “Os primeiros elementos indicam que, numa série de ações das forças internacionais na província de Kunar, dez civis, entre eles oito estudantes, foram mortos sábado”, indicou um comunicado da presidência afegã. “O presidente Karzaï condena a operação e ordenou que o incidente seja investigado”, acrescenta o texto.

Ouvido pela l’AFP, um porta-voz da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) havia afirmado que suas tropas não realizaram ações no final de semana na região denunciada. Mas unidades americanas conduzem há vários dias operações ao longo da fronteira com o Paquistão, principalmente na província de Kunar, indicou à AFP um comandante da Otan em Cabul que preferiu manter o anonimato. “Mataram e capturaram vários talibãs”, acrescentou.

A Otan não divulga comunicados, em geral, sobre atividades realizadas pelas forças especiais americanas, que agem sob a bandeira da coalizão militar sob comando de Washington (operação “Liberdade imutável”) mobilizada no Afeganistão. No dia 8 de dezembro, Karzaï havia condenado à morte de “seis civis inocentes” numa operação da Otan no leste, o que a Otan havia desmentido.

O secretário americano da Defesa, Robert Gates, afirmou recentemente que a redução das perdas civis – que acarretam a impopularidade das tropas internacionais – era “uma prioridade” da Otan e das tropas americanas. Há três anos, a insurreição liderada pelos rebeldes ganhou terreno, principalmente no norte antes com fama de calmo, apesar do aumento regular do número de soldados estrangeiros que chegam, hoje, a 113.000, entre eles 71.000 americanos.

O presidente Barack Obama anunciou no dia 1º de dezembro o envio de 30.000 soldados americanos suplementares, que serão mobilizados, principalmente, no Sul. Mas regiões do leste, na fronteira com o Paquistão, a exemplo de Kunar, estão igualmente infiltradas pela rebelião, que utiliza as zonas tribais situadas do outro lado da fronteira como refúgio e como base.

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