Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Manifestação contra o custo de vida A Action Aid propõe a criação de um comité deavaliação

A agência humanitária Action Aid manifestou-se preocupada com os tumultos ocorridos na semana passada e propõe ao Governo a criação de uma equipa multidisciplinar, além de fazer uma análise e projectar medidas para evitar que situações idênticas voltem a acontecer.

Dias depois de as cidades Maputo e Matola regressarem à normalidade, a Action Aid organizou um encontro para discutir os efeitos negativos do aumento de preço e também das mudanças climáticas. Participaram na reunião especialistas internacionais em direito à alimentação que se encontravam no país para debater a crise alimentar no mundo, no momento em que eclodiram os violentos protestos contra o agravamento dos preços de bens de primeira necessidade.

No final do encontro, ficou definido que a mesma vai propor ao Governo a criação de um comité de avaliação constituído pelo Executivo moçambicano, pelo sector privado e pelas organizações da sociedade civil, de modo a traçar planos visando minimizar ou prevenir o impacto negativo da subida de preços de bens de consumo.

Além disso, a Action Aid pretende analisar a actual situação do elevado custo de vida e projectar medidas a longo prazo para prevenir mais manifestações. A agência humanitária vai ainda realizar um estudo, no prazo de 30 dias, no qual se pretende reportar as razões do aumento do preço e os caminhos que se podem seguir para reverter a situação.

De acordo com Amade Sucá, director da Action Aid, esta iniciativa surge pelo facto de ainda permanecer a tensão social, uma vez que não foram satisfeitas as preocupações das populações mais carenciadas. “É necessário encontra-se alternativas imediatas para atenuar os efeitos negativos da subida de preços”, observa Sucá.

Situação da fome e aumento de preço

Grande parte da população mundial padece, actualmente, de fome. Segundo a FAO, este ano (2010), haverá 21 países que terão necessidade de ajuda alimentar imediata. A crise dos preços alimentares (2007/8) agravou a segurança alimentar no mundo. Aliás, para um grande número de países, conseguir a segurança alimentar para a sua população continua a ser um grande desafio.

A situação vivida no passado dia 1 levou os especialistas em direito à alimentação a descreverem o país como sendo a primeira vítima da subida do custo de vida, particularmente o agravamento do preço dos alimentos a nível mundial. Oriundos de diversas partes do mundo, os especialistas adiantam ainda que a subida do custo de vida tem a ver com factores conjunturais, como é o caso da pouca produção e escassez de insumos, causadas sobretudo pelas alterações climáticas que aumentam o risco de secas e cheias.

A fraca produção agrícola, a ausência de apoio técnico à agricultura familiar e acções de especulação, ou seja, a falta de infra-estrutura agrícola robusta, investigação e políticas favoráveis para fomentar a produtividade foram apontados como alguns dos principais factores que também estão na origem da subida desmensurada de preços.

Para reduzir a vulnerabilidade do país em relação a esta adversidade, os especialistas afirmam que é importante que Moçambique passe, antes de tudo, pela sua capacidade de se alimentar a si próprio sem recorrer às importações, além de traçar um programa de protecção social à população mais desfavorecida. Acrescentam ainda que é necessário agir sobre as causas estruturais de insegurança alimentar: falta de financiamento, capital, e outros bens que são importantes para aumentar a produtividade agrícola, a transparência e o controlo das políticas públicas.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!