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Makwerhu e Hurrê encenam problemas sociais

Makwerhu e Hurrê encenam problemas sociais

Os actores de teatro (amador) de várias gerações juntaram-se, no passado fim-de-semana, entre 30 e 31 de Maio, na Casa Velha, em Maputo, para falarem de si e dos problemas que, diariamente, apoquentam a sociedade moçambicana. Em uma hora, cada grupo demonstrou o que mais sabe fazer, tendo sido possível constatar-se que, para além da encenacão das dificuldades alheias, os protagonistas denunciavam, também, as suas aflições.

Agastados com alguma insensibilidade que supostamente os moçambicanos demonstram em relação às desigualdades de género, aos tabus, à criminalidade, à falta de união, ao adultério, dentre outras questões que carecem de soluções, os artistas tiveram a sensação de que estavam, até certo ponto, a educar o povo. Numa plateia na sua maioria composta por artistas notou-se, bem ou mal, o nível de conhecimentos e de responsabilidade que os actores de teatro, especificamnte dos conjuntos Makwerhu e Hurrê, têm na instrução da população.

O grupo teatral Makwerhu não fugiu à regra: com a peça “Machoman”, que no seu entender gira em torno da submissão do homem, pretende sensibilizar a sociedade a mudar de comportamento ralativamente a esta situação. Para os actores, quando um homem limpa o pátio da sua casa não o faz pela sua esposa, mas, sim, para o seu próprio bem, para além de que a habitação também lhe pertence. “Na peça tentamos trazer um homem que não resolve os seus problemas com a agressão.

Um marido que ajuda a sua mulher a realizar os seus sonhos, que a auxilia nos deveres de casa e que, também, cuida dos seus filhos”, explicou Armindo Fernando, porta-voz do grupo. Todavia, ele lamentou o facto de o grupo ser composto apenas por rapazes. “Os pais das meninas não querem que elas abracem as artes pura e simplesmente porque pensam que as actividades artístico-culturais não são para mulheres”. Composto por dez membros, o agrupamento Makwerhu é considerado uma autoridade no Festival Teatro de Inverno e os seus temas giram em torno de problemas sociais.

Somos órfãos”

“Dormimos na rua mas temos uma casa cuja porta foi fechada por algum motivo desconhecido”, queixou-se José Sitoe, responsável do grupo teatral Hurrê, que exibiu a peça “Igualdade ou Desigualdade”. Trata-se de uma obra que aborda assuntos relacionados com o amor não correspondido e/ou com o adultério. Residentes no bairro da Machava Socimol, no município da Matola, os elementos daquele grupo contaram ao @Verdade que ao longo dos 13 anos de existência têm enfrentado vários problemas, mormente a falta de espaço para a realização das suas actividades.

“Nos somos órfãos. Já pedimos, por inúmeras vezes, autorização para ocuparmos o Cinema Machava, que se encontra num estado de total degradação, mas ninguém aceitou”, desabafou o nosso entrevistado. José Sitoe e os seus assistentes consideram que “fazer teatro em Moçambique tem de ser mesmo por amor a camisola”.

Apesar da falta de apoio, o agrupamento Hurrê continua a lutar pelo seu sucesso e acredita que um vai concretizar o sonho de ter uma sala própria para ensaios e exibição de peças teatrais, bem como para internacionalizar os seus trabalhos. Hurrê é composto por 10 pessoas de ambos os sexos e aborda situações de adultério, brigas familiares, a falta de respeito por parte dos jovens, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e de drogas, a prostituição, o abuso de menores, dentre outros temas.

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