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Mais uma vítima mantida em cativeiro por 13 anos em Manica

Mais um caso de cativeiro foi denunciado, semana finda, no distrito de Manica, na província com o mesmo nome, no centro do país, na qual uma senhora de 37 anos foi acorrentada dentro de um quarto, junto a cama, durante 13 anos. Trata-se da Flora Simão Mateus, uma nacional que reside na localidade de Muzongo, posto administrativo de Machipanda, naquele que é um dos 9 distritos da província. A vítima foi colocada em cativeiro num quarto da residência dos seus pais em 1998.

Flora, uma mulher de uma estatura média, com um corpo magro, uma cor escura, cabelos curtos e lisos, uma cara de coitada, um comportamento aparentemente calmo, que no lugar de a levarem para o Hospital, os familiares entenderam que deveria ficar isolada do mundo.

A vítima, na opinião da família, foi colocada em cativeiro durante aquele período, por apresentar sinais de demência (distúrbios mentais), ser agressiva, agitada, sendo que estas duas últimas características não pareceram verdadeiras, porque quando foi vista no Hospital Distrital de Manica, estava muito quieta.

Ao jornal O planalto, foi dito que, em consequência do cativo, Flora Mateus, viu os seus pés e braços paralíticos, sem poder se locomover, estando, neste momento, internada no Hospital Distrital de Manica, para tratamentos psicológico e fisioterapeuta.

Ela estava bem acorrentada, nas ancas. A corrente esta que estava sob o corpo da Flora, no referido quarto, quase década e meia, numa única posição, deitada numa cama, estava enferrujada, sendo que para se desfazer dela, teve de se quebrar, com instrumentos contundentes.

Segundo O Planalto, o irmão de Flora, identificado por Simão Mateus, professor na Escola Primária Completa de Jécuà, naquela vila, foi ele quem a colocou presa no referido quarto, tendo de seguida a acorrentado na cintura junto a uma cama.

Ali, ela fazia necessidades maiores e menores, para além de passar as suas refeições diárias no mesmo local. É um quarto com tanta sujidade, em condições deploráveis e de se lamentar. De acordo a mãe da vítima, Leonor Lucas São Ping, o irmão de Flora colocou-a em cativeiro por apresentar sinais de um doente mental. Acrescenta que, no dia em que o caso aconteceu, ela estava a lhe bater.

Alegam que não levaram Flora ao hospital porque não tinham dinheiro para tratamento, que a única solução que tiveram era mesmo tranca-la num quarto para que ela não fosse a rua.

No entanto, Manuel Mufundisse, enfermeiro de serviço no Hospital Distrital de Manica, disse que a vítima chegou a aquela unidade sanitária através do Sector da Acção Social, Domingo passado.

Este profissional de saúde sublinhou que o tempo em que Flora Mateus permaneceu em cativo piorou a sua saúde, os membros superiores e inferiores estão flectidos, não se mexem, restando efectuar tratamentos de fisioterapia para recuperar a locomoção, o que garantiu ser possível.

Por seu turno, Pedro Manuel Jemusse, Comandante Distrital da PRM, naquele distrito, explicou que vai se apurar o culpado da acção macabra e abrir um processo contra este para responder em juízo, visto que colocar alguém em cativeiro é crime.

Em relação ao caso, Pedro Jemusse, acrescentou ainda que a PRM notificou o Ministério Público (MP), através de documento próprio, relatório pericial, relatório médico, no qual fizeram um trabalho multissectorial, juntamente com a saúde e MP.

Jemusse confirmou que Flora Mateus estava acorrentada nas ancas, sem possibilidade de locomoção a 2 ou 3 três metros do local onde tinha sido acorrentada, “conseguimos tira-la do cativo, e agora está a receber cuidados hospitalares”.

O comandante distrital de Manica adiantou que segue-se agora o relatório pericial de exame ao local, que depois irão enviar ao Ministério Público onde haverá decisões de carácter judicial se houver espaço.

Terminou apelando para que as famílias que tiverem um parente que esteja fora de si arranjem outra maneira de resolver o assunto, que não seja colocar a pessoa em cativo, quer da convivência familiar, quer circunvizinha, porque ela precisa de convivência, embora demente.

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