Em Morrumbala, na província da Zambézia, onde se estima que pelo menos nove mil alunos da localidade de Sabe poderão não estudar, este ano, devido à tensão político-militar, dois supostos líderes comunitários da Renamo, indigitados no âmbito da governação anunciada por este partido, para partir de Março próximo, nas províncias de Nampula, Niassa, Manica, Sofala, Tete e Zambézia, onde reclama vitória nas últimas eleições gerais, foram encarcerados pela Polícia da República de Moçambique (PRM), acusados de promover desmandos e incitar à violência. Há relatos, não confirmados, de confrontos armados na região nesta quinta-feira(28) que levaram ao condicionamento do tráfego rodoviário na estrada que liga os Distritos de Morrumbala e Mopeia.
Refira-se que a PRM em Nampula também privou a liberdade de cinco cidadãos, alegadamente desta maior força política da oposição, indiciados de perturbar a ordem, segurança e tranquilidade públicas nos distritos de Meconta e Ribáuè. Contudo, as autoridades ainda não explicaram com detalhe em que consistiram os tais desmandos que pesam sobre os visados.
Consta que eles foram neutralizados logo após serem apresentados publicamente como sendo os líderes comunitários que irão fazer parte da governação que Afonso Dhlakama ameaça levar a cabo a partir de Março próximo.
Enquanto isso, informações não confirmadas dão conta de que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e os homens armados da Renamo, maior partido da oposição moçambicana, confrontaram-se na noite de quarta-feira (26), na zona de Zero, no Distrito de Morrumbala, província da Zambézia, em virtude da detenção de tais elementos da “Perdiz”.
O porta-voz da PRM na Zambézia, Jacinto Félix, disse à Rádio Moçambique que os dois pretensos membros do partido liderado por Afonso Dhlakama dirigiram-se a uma casa na qual exigiram comida e proferiram ameaças em consequência de não terem conseguido o que pretendiam. Acto contínuo, eles apoderaram-se de quinhentos meticais (500,00mt) da mesma família.
Ao @Verdade, Jacinto Félix disse que a corporação acompanhou, por via dos órgãos de comunicação social, que houve confrontos entre as FDS e os guerrilheiros da Renamo, pelo que foi despachada uma equipa para o terreno com vista a apurar o que se passou, mas ele não podia se pronunciar por falta de dados, uma vez que havia horas que não conseguia manter contacto com os colegas.
Antes disso, Jacinto disse-nos que o comandante provincial da PRM iria falar à imprensa sobre os confrontos na região em alusão, por volta das 08h30 desta sexta-feira (28).
Por sua vez, António Muchanga, porta-voz da Renamo, disse que não dispunha de nenhuma informação sobre o caso. Informações não confirmadas dão conta de que alguns residentes abandonaram a zona por recear que os confrontos se agudizem. Afirma-se que houve baixas nos dois lados, mas não se especificou o número de vítimas.
Uma cidadã em Morrumbala contou à nossa Reportagem que os confrontos podem ser consequência das detenções os membros da “Perdiz” pela PRM. Na sequência do tiroteio, segundo a nossa fonte, a principal via de acesso que permite a circulação de pessoas e bens, da sede do distrito de Morrumbala ao cruzamento de Zero, no Distrito de Mopeia, e vice-versa, esteve interrompida e as forças governamentais aconselhavam os utentes a usar o trajecto de Mepinha.
Ao contrário do clima de terror que se afirma estar instalado em Morrumbala, concretamente em Sabe, Jacinto disse à estação radiofónica pública que a situação está controlada.
De recordar que em Setembro, a Renamo anunciou que instalou um quartel em Morrumbala, “em cumprimento da decisão daqueles que lutaram pela democracia e pelo bem-estar do povo moçambicano”.
Artigo escrito com recolha de Leonardo Gasolina
