O ex-Presidente da África do Sul Nelson Mandela — primeiro chefe de Estado negro daquele país (1994-1999), findo o regime do apartheid — celebrou este domingo o 92ª aniversário, com centenas de pessoas em frente à sua casa, na esperança de vislumbrarem Madiba.
Mandela festejou em privado, com a família, com o mundo inteiro ao mesmo tempo a celebrar pela primeira vez um dia internacional em sua honra, dedicado pelas Nações Unidas à promoção da paz e marcado pela iniciativa de muitos sul-africanos de dar 67 minutos do seu tempo aos serviços públicos, tantos quantos os anos que Mandela dedicou ao país.
Nelson Mandela passou o dia rodeado de seus netos e família, comemorando seu aniversário calmamente com um bolo em Johanesburgo, com poucos convidados em uma festa pequena. A sua esposa, a moçambicana Graça Machel, afirmou que ele iria celebrar da sua própria maneira acrescentando que o Madiba está bem. “Ele está muito bem… está saudável e, levando em conta o tipo de vida que ele teve, é muito encorajador. Ele está a envelhecer, a ficar frágil, mas está muito saudável, cheio de vida”, disse Machel à BBC.
Desde que deixou a Presidência, em 1999, Mandela transformou-se numa espécie de embaixador do país, liderando campanhas contra a SIDA e batalhando para que a África do Sul sediasse o Mundial de futebol. Mas, o ex-líder compareceu apenas ao encerramento da Copa, devido à morte de sua bisneta, Zenani Mandela, num acidente de carro logo depois da festa de abertura.
No seu aniversário de 80 anos, Mandela casou-se pela terceira vez com a moçambicana Graça Machel. Em 2001, descobriu que tinha cancro da próstata. Em 2004, Mandela, que ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1993, anunciou que se retiraria da vida pública para passar mais tempo com a família e os amigos.
Em 2010 a Organização das Nações Unidas, celebrou o primeiro Dia Internacional de Nelson Mandela com várias atividades, caminhadas, jogos e homenagens em várias partes do mundo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o ex-líder “personifica os mais altos valores da humanidade e das Nações Unidas”. Os êxitos de Nelson Mandela vieram com um alto custo para ele e a sua família. Hoje, no primeiro Dia Internacional de Nelson Mandela, agradecemos por tudo o que ele fez pela liberdade, justiça e pela democracia”, disse.
Vários outros líderes internacionais e africanos homenagearam o ex-líder, entre eles o presidente americano, Barack Obama, que afirmou que os americanos estão a esforçar-se para seguir o exemplo de Mandela, de tolerância, compaixão e reconciliação. “Somos gratos por continuar abençoados com sua visão extraordinária, liderança e espírito”, afirmou Obama em Washington.
Este domingo, os sul-africanos também dedicaram 67 minutos de seu dia para trabalhos de caridade, como uma homenagem aos 67 anos em que Mandela serviu à política do país. Em outros países também foram feitas homenagens semelhantes, em uma iniciativa que também teve o apoio de outros laureados com o prêmio Nobel da Paz, como o ex-presidente americano Jimmy Carter e Desmond Tutu.
Para o presidente sul-africano, Jacob Zuma, não é surpreendente que o país e o mundo prestem homenagens a Nelson Mandela. “Com 67 anos de contribuição ativa para uma África do Sul melhor, ele foi reconhecido pelas Nações Unidas e está a ser celebrado com o Dia de Nelson Mandela pela primeira vez neste ano. Agradecemos ao mundo por nunca esquecer de reconhecer os êxitos desta nação”, afirmou em um discurso na cidade onde Mandela nasceu, Mvezo.
O presidente do Malawi, Bingu wa Mutharika, que ocupa a presidência da União Africana, também prestou homenagem ao ex-presidente sul-africano. “A nação arco-íris da África do Sul nasceu de sua paixão pelo perdão e reconciliação e de um desejo de que todas as pessoas aprendessem a perdoar e aceitar umas às outras, sem se importar com sua origem”, acrescentou.