A missão internacional de mediadores à crise no Madagáscar, chefiada pelo expresidente moçambicano Joaquim Chissano, decidiu aumentar quinta-feira a pressão sobre o líder da Autoridade de Transição daquele país insular, Andry Rajoelina, e ameaça impor sanções caso a medida seja necessária.
Chissano disse que as partes envolvidas na concretização do acordo de partilha de poder naquele país da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), ora suspenso, não têm feito os esforços necessários para a sua efectiva implementação. “As organizações internacionais e os países membros vão endurecer as medidas caso persista a atitude do líder malgaxe traduzida na falta de observância e respeito aos acordos alcançados”, disse Chissano, no final das conversações, em Addis Abeba, capital etíope, e que se prolongaram por mais de oito horas.
O Madagáscar mergulhou numa crise política em Março de 2009, quando Rajoelina, ex- “disc jockey”, tomou o poder das mãos do expresidente, Marc Ravalomanana, com apoio dos militares. Ramtane Lamamra, Comissário da União Africana para Paz e Segurança, disse que os esforços da mediação internacional vão continuar com a possibilidade de imposição de sanções. “A imposição de sanções não significará o fim da mediação. É nosso dever continuar com os esforços no sentido de chegar a consenso rumo a reconciliação e restauração da ordem constitucional no Madagáscar”, disse Lamamra.
O Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) reúne-se esta sexta-feira para avaliar a hipótese de sanções sobre aquele país da SADC. A mediação, composta por representantes da União Europeia (EU), Nações Unidas, a francofonia e a SADC, esteve reunida, quinta-feira, na sede da UA em Addis Abeba, capital etíope, pela quinta vez em menos de 12 meses.
Contudo, os mediadores continuam a tentar aproximar Rajoelina e os seus rivais políticos com vista a implementarem o acordo de partilha de poder. Rajoelina rejeita as propostas incorporadas no acordo, mas têm apoio dos três antigos presidentes, Ravalomanana, Didier Ratsiraka e Albert Zafy respectivamente. Rajoelina, que demitiu o primeiroministro consensual e nomeou um sucessor, assim como anunciou unilateralmente a data para as eleições legislativas, descreve o acordo de partilha de poder como algo impossível.