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Londres acusa Pequim e outros países pelo fracasso da COP15

A Grã-Bretanha acusou nesta segunda-feira a China e outros países, incluindo Bolívia e Venezuela, de boicotar a Cúpula do Clima de Copenhague, em meio a uma enxurrada de críticas pelos escassos resultados obtidos pela COP15. A China, no entanto, afirmou ter tido um papel importante e construtivo na reunião. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, acusou nesta segunda-feira um grupo de países de ter “tomado como refém” as negociações sobre o clima na conferência de Copenhague, em uma mensagem divulgada por seu gabinete. “Nunca mais deveríamos enfrentar o ponto morto que ameaçou levar ao fracasso estas negociações”, declarou o premier britânico.

“Nunca mais deveríamos deixar que apenas um pequeno grupo de países tomem como refém um acordo global para um futuro mais verde”, completou, sem mencionar especificamente os países. No domingo, o ministro britânico do Meio Ambiente, Ed Miliband, acusou diretamente a China de bloquear todas as tentativas de tornar vinculante um acordo sobre a redução das emissões de CO2.

“Tivemos muitas promessas, não apenas de países desenvolvidos como também de países em desenvolvimento, com a China ou a Índia”, declarou o ministro ao canal de TV Sky News. “O resultado final, porém, foi decepcionante, principalmente pelo fato de não haver uma obrigação legal” de cumprimento das metas, destacou Miliband.

“Os esforços para concluir um acordo vinculante em Copenhague foram minados pela incrível resistência de um pequeno número de países em desenvolvimento, entre eles a China”, afirmou. “Se alguns países-chaves rejeitarem princípios como ‘obrigação legal’ ou as metas de cortes de 50% das emissões de CO2 em 2050 (recusadas pela China), não conseguiremos alcançaremos nossos objetivos”, advertiu Miliband.

Miliband acusou abertamente a China de ter vetado o acordo que previa limitar em 50% as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) até 2050, e em 80% no caso dos países industrializados. “Não podemos permitir outra vez que as negociações em pontos realmente importantes sejam sequestradas desta maneira”, enfatizou.

Em sua mensagem, Brown admitiu que as negociações não foram fáceis e que no fim temeu que “o processo fracasasse e não tivéssemos nenhum acordo”. Mas completou: “Finalmente conseguimos superar o ponto morto e, em um avanço nunca visto antes nesta escala, assegurar um acordo da comunidade internacional”. “Mas isto não pode ser o final. De fato, isto é apenas o início e devemos ir ainda mais longe”.

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, não demorou a responder as acusações de que seu país teria sido um dos grandes responsáveis pelos poucos resultados da COP15. “A China teve um papel importante e construtivo para fazer avançar as negociações de Copenhague e chegar aos atuais resultados”, declarou Wen, em uma entrevista à agência de notícias Nova China. “A China se expressou com grande sinceridade e mobilizou todos seus esforços”, acrescentou, segundo os trechos da entrevista publicada no site do ministério chinês das Relações Exteriores.

O Acordo de Copenhague estabeleceu “objetivos a longo prazo para a comunidade mundial em termos de mudança climática”, disse ainda. “Este é o resultado dos esforços de todas as partes e tem uma ampla aprovação. Não foi um acordo fácil e preciso valorizá-lo”, concluiu. Como os britânicos, o resto dos países da União Europeia gostariam que o acordo final fosse mais longe, mas concordaram que o mesmo “era melhor do que nada”.

“Quando os dirigentes chegaram, não havia sequer um acordo de intenção a discutir e tivemos 24 horas, um tempo curto, para fazer um texto que deveria ter sido negociado durante as duas semanas da conferência”, defendeu-se o primeiro-ministro dinamarquês e anfitrião da cúpula. Paris, por sua vez, também responsabilizou o Congresso dos Estados Unidos, “que impede o presidente Barack Obama de ir mais longe, pelo fracasso do sistema da ONU, segundo o ministro do Meio Ambiente, Jean-Louis Borloo.

O acordo concluído na conferência que terminou sábado em Copenhague é um texto de mínimos que permite, pela primeira vez, envolver todos os grandes países poluidores – tanto desenvolvidos como emergentes – na luta contra o aquecimento global, mas sem fixar metas ambiciosas nem um marco vinculante. O texto também estabelece o compromisso dos países desenvolvidos em mobilizar até 100 bilhões de dólares para ajudar os países mais pobres a enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

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