Mais uma vez o campeão nacional do futebol moçambicano termina precocemente a sua aventura na mais importante prova de clubes do continente. A Liga Muçulmana até venceu o jogo da segunda mão da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, disputado este sábado no relvado dos muçulmanos na Matola, mas derrota da primeira mão pesou mais nas contas finais.
Rezam as crónicas do jogo da primeira mão, disputada a 15 dias na Zâmbia, que o Zesco United, o campeão local, venceu o jogo apenas pelo aproveitamento de três erros da equipa comandada por Artur Semedo. Porém a equipa zambiana que actuou na Matola foi superior à Liga, muito bem estruturada tacticamente e tecnicamente evoluídos mas principalmente com muito mais frescura física do que os campeões nacionais.
A partida começou com a Liga a tentar pressionar o adversário e chegar rapidamente ao primeiro golo, sem conseguir construir jogadas de ataque o campeão nacional parecia dominar o jogo mas na realidade a equipa do Zesco deixava aos moçambicanos a iniciativa de jogo e fazia a contenção da bola saindo a jogar em contra-ataques rápidos, porém sem arriscar muito, afinal tinha uma vantagem de 3 golos na eliminatória.
Com a clara ausência de um organizador e criador de jogo foi apartir de um lance de bola parada que equipa de Artur Semedo conseguiu inaugurar o placar. Pontapé de canto apontado de forma curta, na direita do ataque da Liga, Muandro agarra na bola aproxima-se do bico da àrea e puxa do seu potente pé esquerdo, colocando a bola no canto superior direito da baliza e sem hipóteses para o guarda-redes Banda.
Um grande golo que mais do que galvanizar os campeões nacionais espevitou os zambianos, que jogando com serenidade e mais frescura física, começaram chegar com cada vez mais perigo a baliza de Nelinho. Jogando em bloco o Zesco, com um meio campo pressionante e uma defesa segura, subiu no terreno e quase com naturalidade fez o empate.
Bola ganha a meio campo por Portipher Zulu, sem dúvidas o melhor jogador em campo, o zambiano vê espaço livre na sua frente e do meio da rua remata forte e colocado sem hipóteses para Nelinho. Estava feita a igualdade e ficavam mais complicadas as contas da Liga, que acusou muito o golo.
O intervalo chegou e o campeão nacional saiu a pensar como iria marcar quatro golos para dar a volta a eliminatória, que nesta altura estava em 1-4 à favor dos zambianos.
O veterano Dário Monteiro entrou para o ataque da Liga logo no início da segunda parte mas a Liga continuava a não conseguir fazer a bola chegar em condições ao ataque, com um meio campo desgovernado e sem ideias que nem subia para apoiar a linha ofensiva.
Inteligente, o Zesco United, diga-se bem unido, aproveitou a falta de forma física dos moçambicanos e com serenidade pôs a bola a correr entre os seus jogadores e, os moçambicanos, corriam atrás da bola já sem fôlego.
A Liga ainda sonhou quando Dário, quase apanhado de surpresa, fez o segundo golo, na sequência de um fraco cruzamento na direita um defensor zambiano alivia a bola em direção a sua baliza onde sozinho o avançado moçambicano apenas encostou a cabeça para atirar a bola para o fundo da baliza de Jacob Banda.
Mas para os sonhos acontecerem é preciso lutar por eles e isso faltou na equipa moçambicana que continuou sem conseguir criar jogadas de ataque e, numa tarde que até esteve fresca comparando com outros dias de muito calor que se tem registado na capital do país, o cansaço pesava e os pupilos de Semedo terminaram o jogo a passo.
Depois do apito final, o treinador do campeão nacional que havia afirmado depois do jogo da primeira mão que a sua equipa fôra superior ao Zesco reconheceu o que é evidente “esta equipa (do Zesco) tem mais maturidade do que nós(…) o nosso nível, tenho que dizê-lo, é o do futebol moçambicano, não fizemos menos do que seria de esperar”.
Artur Semedo ainda queixou-se da falta de apoio dos adeptos moçambicanos, que às centenas estiveram nas bancadas, a verdade porém é que a falta de qualidade do jogo da Liga e o quase nenhum brilho dos jogadores moçambicanos terá contribuido para a passividade dos adeptos em contraste com a claque zambiana que animada desde o início do jogo saiu eufórica da Matola, o Zesco United qualificou-se com um agregado final de 2 – 4.