O líder radical de esquerda grego Alexis Tsipras previu, esta Quinta-feira, que o seu partido vai vencer com folga as eleições do próximo mês e recusou-se a não exigir o fim das políticas “bárbaras” de austeridade que, segundo ele, estavam a levar a nação à falência.
Cada vez mais preocupados com o futuro da Grécia na zona do euro, os credores estrangeiros e os partidos tradicionais têm intensificado os alertas de que o país corre o risco de perder uma ajuda financeira internacional se não conseguir cumprir os cortes de gastos incluídos no seu mais recente pacote de resgate.
Tsipras, líder do partido Syriza e estrela ascendente da política grega, prometeu que não iria ouvir nenhum grupo.
“Eles estão a tentar aterrorizar as pessoas para fazer o Syriza ceder. Nós nunca iremos nos comprometer”, disse o líder estudantil, de 37 anos, aos parlamentares do seu partido, muitas vezes abordando-os como “camaradas”.
“Nós nunca iremos participar num governo para resgatar o pacote de socorro financeiro.”
Pesquisas realizadas depois das inconclusivas eleições de 6 de Maio sugerem que o Syriza está a caminho de superar os conservadores para tornar-se o maior partido no Parlamento quando os gregos forem às urnas a 17 de Junho.
Enfurecidos com as rodadas repetidas de austeridade que cortaram salários e fizeram as taxas de desemprego saltar, os eleitores têm ignorado os alertas de líderes como o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que disse que os gregos devem escolher sabiamente nas eleições para evitar tirar o país da zona do euro.
Tsipras, que encantou os eleitores com a sua boa aparência e promessa de rasgar o acordo de resgate, enquanto mantém a Grécia no euro, disse que o humor dos eleitores não iria mudar e previu que o Syriza teria o dobro de legisladores no período de um mês.
“Austeridade bárbara”
“O povo grego votou pelo fim do resgate e da austeridade bárbara. Eles ignoraram as ameaças e a propaganda barata. E temos a certeza de que eles vão fazer o mesmo agora”, disse Tsipras. “As pessoas vão completar, no dia 17 de Junho, o grande passo que deram a 6 de Maio, independentemente do que o sr. Durão Barroso diz.”
Uma pesquisa recente, realizada pela Pulse para o jornal To Pontiki, a 15 e 16 de Maio, mostrou o Syriza a obter 24,5 por cento dos votos nas eleições, colocando-o à frente de todos os outros partidos.
O primeiro lugar vem com um bónus de 50 assentos extras no Parlamento de 300 vagas, que foram para os conservadores na última vez.
A longa crise económica da Grécia transformou-se numa crise política plena depois de os partidos que opõem-se aos termos dum resgate de 130 biliões de euros terem tido ganhos expressivos nas eleições de 6 de Maio, deixando o país sem governo e aumentando as chances de que a nação possa renegar os termos do acordo.
No início desta semana, o presidente do país disse que os gregos tinham tirado cerca de 800 milhões de euros (1 bilião de dólares) dos bancos à medida que a incerteza política aprofunda-se.
Em mais um golpe, o Banco Central Europeu disse que havia suspendido as operações de liquidez com alguns bancos gregos, porque o seu capital estava muito esgotado.
Os temores de que o péssimo estado da Grécia poderia arrastar a zona do euro para uma crise profunda deixaram os mercados nervosos em todo o mundo, esta Quinta-feira, e a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, alertou para consequências “extremamente caras” se a Grécia sair da zona do euro.
Um governo de emergência liderado por um juiz e composto principalmente por professores, tecnocratas e alguns políticos que comandarão o país até às eleições do próximo mês foi empossado, esta Quinta-feira, numa cerimónia presidida pelo Arcebispo Ieronimos, de Atenas.