O bispo Edir Macedo, líder religioso da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e outras três pessoas foram acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de lavagem de dinheiro arrecadado em donativos e de o usarem em proveito pessoal.
As acusações, divulgadas na última segunda-feira pelo promotor público de São Paulo, dizem respeito a 173 milhões de euros, que se suspeita terem sido doados sobretudo por fiéis pobres que frequentavam a IURD. O dinheiro era imediatamente canalizado para fora do país através de redes de contas bancárias offshore e de cambistas, afirma o Ministério Público Federal.
Para além de Edir Macedo, um controverso televangelista, fundador da igreja em 1977, estão também incluídos a directora financeira da IURD, Alba Maria Silva da Costa, o ex-deputado federal João Batista Ramos da Silva e o bispo evangélico Paulo Roberto Gomes da Conceição. Luís Martins de Oliveira, procurador da República e responsável pelo caso, afirmou que os seguidores da IURD foram levados a entregar o dinheiro à igreja devido a “falsas promessas e a ameaças de que a assistência espiritual e económica seria concedida apenas àqueles que fizessem sacrifícios financeiros para a igreja”.
A investigação do Ministério Público também averiguou que a igreja abrira duas contas offshore no início dos anos 1990, nas ilhas Caimão e em Jersey, de forma a encaminhar os donativos para fora do país. Em comunicado, a IURD negou as acusações: “Não podemos falar sobre aquilo que desconhecemos”, disse a igreja. “Mas pelo que pudemos compreender através da imprensa estas são as mesmas velhas acusações que sempre se provaram falsas”.
A Igreja Universal do Reino de Deus, que promove a “teologia da prosperidade”, foi fundada no Norte do Rio de Janeiro e hoje possui uma congregação espalhada pelo mundo inteiro, com cerca de oito milhões de fiéis.