O regime líbio fechou esta manhã o seu espaço aéreo a toda a espécie de trânsito, num passo de antecipação aos anunciados raides aéreos internacionais autorizados ontem à noite pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas contra as forças leais ao líder líbio Muammar Khadafi.
A agência de controlo de trânsito aéreo líbia lançou um aviso para Malta de não estar a aceitar a entrada de nenhum engenho no seu espaço aéreo territorial “até novas indicações”, foi confirmado pela Eurocontrol. “Essa é a única informação que temos de momento. E é a informação que nos foi passada pelas autoridades maltesas”, precisou porta-voz da agência europeia de segurança de navegação aérea.
O Conselho de Segurança das Nações aprovara ontem à noite o uso da força para proteger civis contra as forças de Khadafi – envolvendo a imposição da zona de exclusão aérea, que proíbe os bombardeamentos do regime sobre as cidades “libertadas” pela rebelião, e ataques aéreos da comunidade internacional contra as tropas do regime líbio – por dez votos a favor, e cinco abstenções (Rússia, China, Alemanha, Brasil e Índia). A resolução proíbe o regime líbio de sobrevoar o espaço aéreo do país e autoriza “os Estados membros a tomar todas as medidas necessárias para proteger os civis e as zonas povoadas sob a ameaça de ataque”. É assim um mandato abrangente que abre caminho a ataques aéreos da comunidade internacional contra as posições das tropas leais a Khada?, mas que exclui expressamente qualquer “força de ocupação” – que não era, de resto, desejada pelos rebeldes líbios e que os Estados Unidos também rejeitavam.
No entanto, aviões de Khadafi continuavam na manhã desta sexta-feura a fazer raides contra os rebeldes, em Misurata, do lado Oeste do país, assim como já bem próximo de Bengasi, a “capital” da rebelião na Líbia Oriental. E, em renovado tom de desafio, o filho do líder líbio e seu potencial herdeiro, Saif al-Islam (a Espada do Islão), disse que o regime “não tem medo” da resolução das Nações Unidas. Khadafi, aliás, reagira violentamente ontem à noite à decisão do Conselho de Segurança, avisando que vai “partir para a loucura”.