O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançou, quarta-feira, em Maputo, diversos projectos de investigação cientifica, inovação e transferência de tecnologia, a serem implementados em Moçambique, num orçamento global de 86 milhões de meticais, o equivalente a cerca de 2,9 milhões de dólares norteamericanos.
Trata-se de projectos aprovados pelo Fundo Nacional de Investigação (FNI) e que abrangem diversos sectores de actividade, incluindo agricultura, saúde, recursos hídricos, ciências sociais, entre outros, que serão implementados em diversos pontos do país.
Fonte do MCT disse a AIM que do total de 86 milhões de meticais 55 milhões destinam-se a financiar programas de investigação, 28 milhões para iniciativas de inovação e o remanescente três milhões para apoiar a realização de teses de licenciatura, mestrado e doutoramento.
Falando durante a cerimónia de lançamento oficial dos projectos a serem financiados, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Venâncio Massingue, disse que o Governo está a promover a investigação em áreas estratégicas para o país. Massingue defendeu que os projectos aprovados devem ter impacto visível na melhoria das condições de vida da população.
No total, o montante irá financiar a implementação de 79 projectos aprovados pelo FNI, dos quais 33 são de investigação científica, 23 de inovação e transferência de tecnologia e os outros 23 de teses de licenciatura, mestrado e doutoramento.
Criado pelo Governo, o FNI visa promover o fomento da investigação através do financiamento ao desenvolvimento da investigação, ciência e inovação tecnológica realizadas por entidades públicas ou privadas.
Um dos projectos aprovados pelo FNI visa incentivar e garantir o maneio integrado de uma praga que afecta as culturas de couve e alface.
Intitulado “Maneio integrado da traça da couve baseado em controlo biológico com agricultores de pequena escala nas zonas Sul e Centro de Moçambique”, esta iniciativa será implementada em alguns campos de produção destas hortícolas nas cidades da Beira, Chimoio e Maputo, bem como nos distritos de Boane (província de Maputo) e Chókwè (em Gaza).
Segundo a pesquisadora Luísa Santos, proponente do projecto, a traça da couve é uma das principais pragas que ocorre em todo o país e no mundo em geral, afectando hortícolas, o que causa enormes perdas aos produtores.
Para controlar esta lagarta, os agricultores usam pesticidas e chegam a aplicar três vezes por semana. Contudo, além de provocar a resistência da praga, este método tem causado a contaminação das águas e do meio ambiente.
“O controlo biológico da praga, que tem tido sucesso em muitos países, pode ser combinado com pesticidas menos tóxicos em relação aos que são agora usados”, explicou Santos, que é também docente da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a maior e mais antiga instituição do ensino superior no país.
“Com este método de controlo não vamos comer mais couve, mas vamos comer couve mais saudável, com menos resíduos de pesticidas e teremos menor contaminação das águas”, disse ela, respondendo a uma pergunta sobre o impacto do projecto.