A organização alemã, DVV, em parceria com o Governo moçambicano, lançou na quarta-feira, em Maputo, o projecto de alfabetização feminina em Angola e Moçambique (FELITAMO). Trata-se de um projecto de três anos (2010-2012), orçado em 1.1 milhões de Euros, dos quais 90 por cento são financiados pela União Européia.
De acordo com a coordenadora nacional do projecto FELITAMO, Idite Joaquim, em Moçambique, o projecto vão abranger cerca de dez mil pessoas nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, cujas taxas de analfabetismo nas mulheres é de 81.4 e 83 por cento respectivamente. Dos alfabetizandos, cerca de 80 por cento são mulheres, o grupo que apresenta maior índice de analfabetismo.
“Nós esperamos no fim dos três anos ter pelo menos seis mil pessoas formadas, porque, devido a taxa de desistência, não podemos garantir que todos os dez mil vão chegar ao fim” disse Idite Joaquim. Entretanto, para reduzir a taxa de desistência, o projecto prevê a introdução de programas inovadores, onde a alfabetização está ligada ao processo de empoderamento individual e da comunidade.
“Para reter os alfabetizandos, vamos utilizar uma abordagem que não visa apenas capacitar as pessoas para saberem ler, escrever e contar, mas empoderar os formandos para poderem fazer um negócio próprio”, explicou.
Por sua vez, o coordenador internacional da FELITAMO, Tomé Eduardo explicou que o projecto é lançado no pressuposto de que há maior retorno no investimento feito na alfabetização feminina se as actividades forem organizadas de forma mais participativa, que garante a aquisição de habilidades e competências cognitivas baseadas nos assuntos que preocupam os participantes, bem como se forem ministrados na sua própria língua.
Para Tomé Eduardo, Moçambique tem um grande desafio, uma vez que a taxa de analfabetismo é de 55.6 por cento, o que significa que um em cada dois moçambicanos não sabe ler. Esta situação ocorre apesar do país estar a implementar vários programas de alfabetização de adultos em todo o país. O projecto será coordenado pela associação Progresso, criada em 1991, pelo Movimento de Educação para Todos (MEPT), através do centro de formação de quadros e alfabetização de adultos, nas províncias de Cabo Delgado e em Nampula, respectivamente.
De referir que em Angola, o projecto vai abranger o distrito de Kwanza Sul, onde a taxa de analfabetismo é de 77 por cento.