O ensino técnico profissional em Moçambique conta, a partir da quinta-feira, com mais um instrumento didáctico sobre a gestão ambiental para as suas actividades lectivas, no âmbito dos esforços do governo e seus parceiros com vista a criar as condições materiais para que os estudantes e profissionais de diversas áreas de actividade tenham em mente a questão do meio ambiente.
Para o efeito, foi lançado, em Maputo, o “Manual de Educação Ambiental”, uma obra que tem como principal alvo as escolas técnico-profissionais no país.
A obra, coordenada pelo Museu Nacional de Geologia, enquadra-se no âmbito do Projecto Institucional para a Gestão Ambiental nas Escolas Técnico-Profissionais em Moçambique.
Justificando a elaboração desta obra, que contou com a participação de várias individualidades, o Director do Museu Nacional de Geologia, Luís da Costa Júnior, explicou que a mesma visa fazer face ao actual momento em que se regista um contínuo crescimento demográfico, expansão de centros urbanos e uma evolução da economia que requer a introdução de novas tecnologias que, no conjunto, podem provocar impactos ambientais diversos.
Assim sendo, esta matéria deveria merecer muita atenção de toda a sociedade moçambicana. Contudo, segundo ele, no currículo escolar do Sistema Nacional de Educação não existe uma disciplina específica de Educação Ambiental, pelo que “esta teria como finalidade disseminar os conhecimentos sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentáveis”.
“Igualmente, não existe nenhum livro escolar que de uma forma sistematizada focaliza os conteúdos para questões ambientais relacionadas com a realidade do país, que podem apoiar os programas educacionais”, disse Luís da Costa.
Por seu turno, o Chefe de Departamento Escolar na Direcção Nacional de Ensino Técnico Profissional do Ministério da Educação, Eugénio Maposse, enalteceu a iniciativa e reafirmou ser um instrumento útil para o sector. Segundo ele, a obra lançada vem, de certo modo, ampliar o leque de material disponível para o ensino técnicoprofissional em Moçambique.
Para a elaboração deste manual, a direcção do Museu Nacional de Geologia convidou um grupo de docentes e investigadores moçambicanos para reunir numa só obra conteúdos e temas sobre educação ambiental para cobrir a lacuna que existe no sistema de ensino no país.
“Esta obra resulta das correcções do primeiro manual lançado em 2008 e das contribuições que recebemos de vários especialistas na matéria e temos a satisfação de entregar a comunidade escolar na perspectiva de contribuir no desenvolvimento e qualidade do ensino em Moçambique”, disse o director do Museu Nacional de Geologia, falando em nome dos autores.
A água e saneamento é um dos temas abordados no livro, onde os autores descrevem os recursos hídricos de uma forma geral e as diferentes fontes de poluição das águas tanto superficiais como subterrâneas.
O livro fala ainda sobre os resíduos sólidos, ou seja desperdícios domésticos e a sua gestão, trazendo à superfície aquilo que é de domínio de todos os moçambicanos, pelo menos das grandes cidades, ao apontar que “o fluxo dos desperdícios domésticos supera em muitas vezes a capacidade de remoção”.
Neste capítulo, o livro descreve o conceito de resíduos sólidos e o seu tratamento em meio rural e urbano. A obra também se debruça sobre os resíduos químicos como, por exemplo, plásticos, metais e outros, que, de acordo com os autores, são os que provocam maiores danos ao ambiente.
A poluição industrial e agrária merece atenção nesta obra de 210 páginas, pois contribui sobremaneira para a degradação do ambiente, sobretudo quando não se observam algumas medidas básicas de gestão ambiental.