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Kinani!

Kinani!

Numa altura em que a capital moçambicana, Maputo, se debate com uma série de crises sociais (algumas das quais sem precedentes) – escassez de gás doméstico, caos no sistema de transportes e comunicações, desmobilizados de guerra em alvoroço, etc. –, contrariamente a isso, um grupo de artistas reúne sinergias e tenta colocar uma palavra de ordem: “Kinani”.

Nos primeiros dias de Novembro não se sabe o que em relação às crises sociais que aterram em Maputo – algumas das quais, acima referidas – irá acontecer. No entanto, em relação a alguns movimentos que tendem a converter Maputo na mais célebre referência planetária, de epicentro cultural, as dúvidas são diminutas.

Por exemplo, em relação à realização do IV Festival Internacional de Dança Contemporânea (Kinani), muito recentemente, os mentores da iniciativa garantiram que o evento irá arrancar na próxima semana, sem grandes sobressaltos.

E mais, apesar de segundo os mentores da iniciativa, o Festival Kinani – que pelas bandas da região da África austral continua a ser a maior plataforma de dança contemporânea – continuará com os mesmos padrões tradicionais, sem no entanto deixar de se reinventar, ampliando cada vez mais a sua dimensão.

Estima-se que cerca de 25 companhias – entre nacionais e internacionais, iniciantes e estabelecidas – partilhem o mesmo palco, intercambiando experiências. Provavelmente, este seja o primeiro mérito do Kinani, a construção e reconstrução da dança, enquanto arte.

Mais importante ainda é que a IODINE Produções, entidade que dinamiza a iniciativa, propõe-se como meta dar continuidade ao trabalho que intercala o intervalo de tempo em que não acontece o evento, designadamente a formação e a capacitação de técnicos em aspectos atinentes àquela arte cénica.

Ou seja, “apoiar jovens criadores na concepção, produção e apresentação das suas obras coreográfi cas, bem como dotá-los de ferramentas técnico-artísticas para um maior desenvolvimento da dança contemporânea em Moçambique”. Os primeiros sintomas do referido trabalho serão entre um a seis de Novembro quando o evento decorrer. Ou melhor ainda, os “resultados poderão ser exibidos noutros palcos nacionais e internacionais”, como salientam.

Recorde-se que o Kinani é um evento que acontece bienalmente. E, porque no ano mediano se tem verifi cado um vazio em termos – de um boom – de eventos culturais associados à dança contemporânea, a organização tem levado a cabo actividades formativas como semanas de capacitação em luz e som, entre outros aspectos.

Assim, consolidar a plataforma já existente, criando um “espaço dinâmico e interactivo entre os criadores deste estilo de dança”, bem como fazer do festival uma “amostra da diversidade criativa contemporânea dos trabalhos que os jovens artistas têm produzido nos últimos anos” são os objectivos que de uma forma geral o Kinani persegue em 2011.

Mais implorante ainda

Entretanto, uma forma de justificar o intróito – quase extremista – deste artigo, as obras a ser exibidas nos diversos palcos, onde o Kinani irá decorrer (Centro Cultural Franco-Moçambicano, Cine África, Jardim Tunduro, Museu Nacional de Arte e Teatro Avenida) irão, enquanto uma forma de comunicação corporal, orientar o público com vista a que este compreenda, interprete com facilidade e, porque não, resolva os seus problemas. Do contrário seria errada a defi nição de dança contemporânea que nos é proposta pela IODINE.

Ou seja, a de “uma diversidade de expressão corporal e sentimental onde os artistas buscam novos pensamentos, experiências e, acima de tudo, diálogos interculturais”. De qualquer modo, refira-se que o Kinani não é só dança. Uma série de eventos paralelos ao festival – workshops, palestras, exposições fotográfi cas, produção de luz, exibição de vídeos-dança, por exemplo – tornarão o festival robusto.

Uma componente didáctica

Ainda na esteira da proliferação duma boa educação sobre diversos aspectos da vida social, os agentes do Kinani agendaram um workshop que decorrerá sob o mote “Dança e Educação”. O mesmo será orientado pela coreógrafa italiana Gisella Zilembo.

Espera-se que o encontro seja “um diálogo dinâmico entre culturas através do poder da Dança Contemporânea”, ao mesmo tempo que, interagindo com os bailarinos da Companhia Nacional de Canto e Dança, derive da ofi cina uma criação coreográfica que se exibirá no último dia do evento.

Criado no ano 2005, e com um carácter bianual, o Kinani, que signifi ca “dancem”, tornou-se num dos mais conceituados eventos internacionais de dança contemporânea realizados em Maputo para o mundo. E porque quem dança geralmente expressa satisfação, alegria, vitória, jubileu, ou qualquer coisa do género, espera-se que o festival instigue os cidadãos – perante este conflito contra os males sociais – ao exercício à cidadania em prol de uma sociedade sã, equilibrada e de justiça social.

Confira o programa do KINANI

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