O ditador líbio Muammar Kadafi acumula tropas na capital do país, Trípoli. Entricheirado na cidade, Kadafi espera que os grupos de oposição iniciem já esta sexta-feira a batalha pelo domínio da capital, cuja perda pode significar a derrocada do regime do coronel, em vigor desde 1969.
A comunidade internacional aguarda com apreensão os próximos passos da crise institucional na qual a Líbia mergulhou há duas semanas.
A exemplo do que ocorreu no Egito, os manifestantes líbios preparam um grande protesto esta sexta-feira em Trípoli para pedir a saída do ditador do poder.
Na quinta-feira, tropas do governo e mercenários atacaram com crueldade Zauiya, cidade distante 92 km da capital. De acordo com informações da rede de televisão Al Jazeera, rajadas de metralhadoras e granadas foram disparadas diretamente contra a população – há relatos preliminares de cerca de 100 mortos no ataque.
O receio é que o enfrentamento em Zauiya seja um prenúncio até menos sangrento do que pode ser a batalha por Trípoli.
Imobilizado
Um dia depois de perder o controle da região leste da Líbia, o ditador Muamar Kadafi viu ser tomado também o lado oeste do país. Milícias contrárias ao governo dominaram a cidade de Zuara, 120 quilômetros a oeste da capital Trípoli, afirmaram esta quinta-feira trabalhadores egípcios que cruzaram a fronteira da Tunísia.
Acredita-se que um terço da parte oriental do país esteja sob o domínio dos revoltosos, incluindo Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Drogas
No seu terceiro pronunciamento na TV desde o começo da crise, Kadafi acusou os manifestantes de serem viciados em drogas e de agirem sob o comando da rede terrorista Al Qaeda, de Osama Bin Laden. “Vocês em Zauiya se voltaram para Bin Laden. Este é o inimigo que está manipulando o povo”, afirmou.
“Eles (os membros da Al Qaeda) deram-vos drogas”, declarou o coronel, falando à população da cidade que enfrentou um sangrento confronto com as forças armadas nesta manhã. Ele ainda enfatizou: “Meu poder na Líbia é simplesmente moral”.
Zauiya fica na região oeste do país, que já teria sido tomada em grande parte pelos opositores do regime, e que agora aproximam-se da capital Trípoli.