A Justiça Ambiental (JA), uma das instituições que tende a tornar-se mais interventiva nos processos de desenvolvimento do País, não vê com bons olhos o projecto da multinacional Riversdale, nomeadamente de escoar o carvão mineral pelo Zambeze. Reagindo em torno da recente “Conferência Sobre a Importância Estratégica dos Rios como Vias de Comunicação e Escoamento – Navegabilidade do Rio Zambeze, Sim ou Não?”, a JA considera que os impactos a longo prazo que a navegabilidade do Zambeze trarão não estão a merecer a devida atenção.
E observa que a discussão em torno da Navegabilidade do Rio Zambeze e consequente utilização para o escoamento do carvão mineral transcende de longe a justificativa da falta de logística para fazer face as enormes quantidades deste recurso e da necessidade do retorno imediato dos investimentos.
A organização sugere que a complexidade e relevância do assunto para o futuro de Moçambique, deve ser abordado com imparcialidade e abrangência necessária, o que implica a inclusão de todos sectores da sociedade moçambicana. “É dever do Governo moçambicano liderar este tipo de debates e não deixar que o mesmo seja realizado por multinacionais e ou privados que nada têm a ver com o País” – recomenda a JA em comunicado enviado a nossa Redacção.
No mesmo comunicado, a JA salienta que por detrás da alegada conferência escon- dem-se os interesses ocultos da Riversdale e das empresas que aos poucos tomam de assalto o riquíssimo Vale do Zambeze usurpando os recursos naturais, expropriando as terras das populações e comprometendo o desenvolvimento de Moçambique.
“Acima de tudo revela também fragilidades interinstitucionais de sectores importantes do Governo na abordagem de assuntos tão importantes como o da utilização do Zambeze para o escoamento do carvão mineral”. A JA assinala que a opção de utilizar o Zambeze como principal via de escoamento do carvão de Benga pode por em risco a região mais rica de Moçambique, ameaçando a sobrevivência e integridade dos povos da região e do futuro do País.