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Juiz vai governar a Grécia até às novas eleições a 17 de Junho

A Grécia colocou, esta Quarta-feira, um experiente juiz para governar interinamente o país até às eleições de 17 de Junho, e o presidente alertou para o risco de pânico no sistema financeiro, uma vez que os poupadores estão a retirar os seus depósitos devido ao temor de que o país deixe a zona do euro.

As autoridades do Banco Central Europeu e de governos nacionais do continente ameaçam parar de financiar a dívida grega se o país escolher um governo que rejeite as medidas de austeridade previstas no pacote de resgate financeiro.

Mas muitos gregos dão de ombros para essa ameaça, e não vêem contradição entre o seu arraigado desejo de permanecer na zona do euro e a sua oposição às condições impostas pela UE e o FMI.

Depois dumas inconclusivas eleições no início do mês, os partidos gregos, divididos entre o apoio e a rejeição ao impopular pacote da UE e FMI para o país, desistiram de montar uma coligação, abrindo caminho para uma repetição do pleito em Junho.

Depois da reunião com o presidente Karolos Papoulias, que tem poderes limitados como chefe de Estado, os líderes de vários partidos representados no Parlamento nomearam o juiz Panagiotis Pikrammenos, chefe da Suprema Corte Administrativa, como primeiro-ministro interino.

Uma nova pesquisa eleitoral mostrou o que os outros levantamentos já indicavam: o favoritismo do partido esquerdista radical Syriza, contrário às medidas de austeridade associadas ao pacote internacional.

A popularidade do partido cresceu desde o início do impasse político, enquanto os partidos tradicionais, favoráveis ao pacote, perderam ainda mais o terreno.

O Syriza, sob o comando do carismático Alexis Tsipras, de 37 anos, diz que é possível rejeitar o pacote de resgate financeiro sem deixar o euro.

Mas a situação do país parece cada vez mais complicada, com repercussões nos mercados financeiros de todo o mundo.

As Bolsas europeias caíram ao seu menor nível do ano por causa da crise grega, e os operadores temem novas quedas nos próximos dias, reflectindo o temor de contágio para outras economias endividadas da UE, inclusive Espanha e Itália. O euro ficou cotado abaixo de 1,28 por dólar.

“É importante que o povo grego agora tome uma decisão totalmente informado sobre as consequências de sua decisão”, afirmou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, esta Quarta-feira.

“A decisão final para permanecer na zona do euro tem que vir da própria Grécia”, acrescentou Barroso. “Temos que falar ao povo que o programa para a Grécia é o menos difícil de todas as alternativas difíceis.”

Saques bancários

George Provopoulos, presidente do Banco Central grego, disse que os poupadores tiraram pelo menos 700 milhões de euros (894 milhões de dólares), Segunda-feira, segundo o relato de Papoulias aos líderes partidários.

“O sr. Provopoulos disse-me que não havia pânico, mas havia um grande medo de que isso possa evoluir para pânico”, afirmou Papoulias, segundo a ata da reunião.

Fontes de vários bancos disseram que os saques prosseguiram no mesmo ritmo, Terça-feira, mas não há filas nas agências bancárias em Atenas.

“Não há corrida aos bancos, filas ou pânico. A situação é melhor do que eu esperava. A quantia de saques que o presidente citou referia-se a três dias, não um”, disse um executivo bancário à Reuters.

Há anos os gregos vêm retirando dinheiro dos bancos. Segundo cifras do BC, empresas e famílias gregas tinham 165 biliões de euros depositados no final de Março, cifra que é 72 biliões inferior à de Janeiro de 2010.

Os especialistas dizem que isso deve-se a uma fuga de capitais e ao facto de alguns gregos precisarem de recorrer às suas poupanças por causa da crise.

Em Abril de 2010, por exemplo, logo antes da concessão do primeiro pacote financeiro internacional ao país, 8 biliões de euros foram resgatados.

“Já testemunhamos períodos de tensão antes, quando os bancos experimentaram grandes fluxos de saída. Na minha opinião, a maioria das pessoas com essas preocupações já fez isso (tirou o dinheiro) a esta altura”, disse Alex Tsirigotis, analista de bancos gregos na Mediobanca.

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