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Juiz solta caçadores ilegais de pangolim, o mamífero mais traficado no mundo

Juiz solta caçadores ilegais de pangolim

A ideia generalizada que existe quando se aborda a caça furtiva é que os animais mais abatidos e traficados são o elefante ou o rinoceronte. Porém todos os anos cerca de 100 mil pangolins são tirados do seu habitat e enviados para a China ou Vietname, tornando-o no mamífero mais traficado do mundo e colocando-o em vias de extinção. Recentemente alguns furtivos foram detidos na posse de um destes animais em Moçambique mas saíram em liberdade por ordem de um Juiz provincial.

Num tribunal provincial, que para proteger as fontes não vamos identificar, foram julgados recentemente três caçadores furtivos apanhados por fiscais de uma área de Conservação na posse de um pangolim.

Estranhamente o julgamento foi agendado sem a notificação do ofendido, neste caso as autoridades de conservação do Estado moçambicano, porém, graças a uma feliz coincidência um representante da área de Conservação que participou da detenção acorreu ao acto e presenciou o momento em que o meritíssimo Juiz decidiu soltar os furtivos com a alegação de que não havia matéria para os acusar pois o pangolim fora por eles apanhado fora de uma área de Conservação, baseando-se no depoimento de um dos criminosos.

Com permissão do tribunal o representante da área de Conservação pôde intervir e explicou ao magistrado o animal foi efectivamente caçado dentro da zona de protecção. O fiscal argumentou ainda que mesmo que o animal tivesse sido apanhado fora da área de Conservação sendo o pangolim uma espécie protegida os caçadores estariam a transporta-lo ilegalmente punível pela Lei nº 10/99 de 07 de Julho de 1999.

Desde Outubro passado os governos de todo o mundo recomendaram o banimento total de todas as trocas comerciais envolvendo os pangolins africano e asiático e acordaram que todas as oito espécies fossem listadas no apêndice I da CITES, proibindo, dessa forma, todo o comércio internacional de pangolins e dos seus produtos.

O @Verdade apurou que o Juiz da causa manteve a sua sentença de libertar os caçadores furtivos e ainda ameaçou de prisão os fiscais por alegadamente terem actuado for a da sua área de jurisdição.

Aliás o advogado de defesa do furtivos chegou mesmo a argumentar que era impossível capturar o pangolim pois os mesmos caiam do céu.

Iguaria, uso medicinal … extinção do pangolim pode afectar até agricultura

As crenças em torno do Manis temmincki, nome científico da espécie de pangolim existente em Moçambique(existem outras sete espécies), variam em função da Região geográfica. No Sul a sua aparição é associada a calamidade ou desgraça natural. No Centro e Norte é tido como animal que traz a sorte e a prosperidade.

Todavia a sua carne é extremamente apreciada na Ásia onde as suas escamas são também usadas na medicina local.

Uma investigação da BBC revelou que no Vietname existem restaurantes onde os pangolins constam do cardápio. Pela módica quantia de 250 dólares norte-americanos (cerca de 17.500 meticais) o animal é servido vivo e a garganta cortada na frente do cliente, a quem se sugere beber o sangue pois é um afrodisíaco.

Já na China, cuja medicina tradicional é muito valorizada, a escamas do pequeno mamífero que se alimenta de formigas e térmitas possuindo uma língua maior que o próprio corpo são reduzidas a pó e usadas para alegadamente melhorar o fluxo sanguíneo, reduzir inchaços ou mesmo o tratamento da artrite.

O académico moçambicano Jorge Ferrão considerou num artigo de opinião que a extinção deste pequeno animal, que tem o corpo coberto de escamas, poderá ser também nociva ao ecossistema, sobretudo para a agricultura, pois poderá originar uma super população de formigas e térmitas.

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