Aos 20 anos de idade, Ivo Graciosa Nhassabiano, natural da cidade de Maputo, queixa-se da falta de sorte. Deixou de estudar em circunstâncias que ele diz não saber explicar, sofre de insónia, tem dificuldades em manter uma relação amorosa e os seus trabalhos como animador de eventos (vulgarmente conhecidos por DJ) não estão a correr da melhor maneira. Segundo o jovem, tem de encontrar-se com o pai, que nunca chegou a conhecer, para se libertar da má sorte.
O seu progenitor responde pelo nome de Daniel Monteiro Mulape e é natural de Nampula. Trabalhou nas Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) entre 1985 e 1992 em Maputo como contabilista, onde conheceu a mãe do jovem Ivo Nhassabiano. A relação terminou e ele regressou à terra natal. Não se sabe ao certo se teria sido transferido ou mudado de emprego. Porém, teria deixado grávida de três meses a mulher com a qual vivia maritalmente na capital do país.
Volvidas duas décadas, o filho que nunca chegou a conhecer o seu pai decidiu procurar pelo seu progenitor. O objectivo é único: Ivo, hoje com 20 anos de idade, precisa de se livrar do sofrimento por que está a passar. De acordo com o jovem, a sua vida tornou-se um autêntico martírio.
Da noite para o dia, sem nenhuma explicação, abandonou os estudos. Ivo frequentava o nível médio e até já foi considerado um dos melhores alunos da sua escola. Além de estudante, trabalhava nos tempos livres como DJ, animando festas e espectáculos, uma actividade que fazia com devoção. Nos últimos dias, a situação mudou. Nada agrada ao jovem. Não há explicações claras sobre o que está, exactamente, a acontecer na sua vida.
Ele afirmou ainda que nem sequer consegue assegurar um relacionamento amoroso. Para dormir, o jovem tem de se embriagar, pois sofre de insónia. Devido a essas situações, foi-lhe aconselhado a procurar pelo seu pai. Segundo Ivo, um encontro com o seu progenitor poderá libertá-lo dos maus espíritos. A propósito disso, ele deixou a sua terra natal e, presentemente, encontra-se na cidade de Nampula à procura do pai.
Procurou pela cidade toda e não teve sucesso. O distrito de Ribáuè era dado como o local provável do seu paradeiro. “Conversei com os líderes comunitários e das confissões religiosas, dirigentes das instituições do Estado e outras pessoas influentes, porém, não obtive nenhuma resposta satisfatória”, afirmou Ivo reiterando a sua determinação de encontrar o progenitor.
“Pai é pai, não importa o que fez no passado”.
Há histórias de algumas pessoas que rejeitam os parentes desconhecidos. Mas esse não será o caso de Ivo quando encontrar o seu pai biológico. “Não tenho expectativas exageradas em relação ao meu pai, apenas espero conhecê-lo e tentar cultivar uma amizade de pai e filho que nunca existiu”, disse afirmando que pai é pai, apesar de não ter recebido a sua educação.
Ivo afirmou que não guarda rancor do progenitor pelo facto de ter abandonado a sua mãe grávida e por não se preocupar em conhecer o filho. “Como não vivi a história de vida dos meus pais, não devo guardar mágoas. Somente procurar entender”, anotou.
Informação oculta sobre o pai
Devido ao insucesso na intenção de encontrar o seu pai, o jovem Ivo pediu ajuda ao Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, tendo sido aconselhado a continuar a procurar. Suspeita-se de que poderá ter morrido e a mãe não queira revelar o facto ao filho. “A minha mãe deve estar a esconder alguma coisa sobre o meu pai e não consigo compreender por que razão, pois ela incentivou-me a procurá-lo”, precisou.
Não se sabe nada sobre o seu actual posto de trabalho. O mais grave é que ninguém tem conhecimento do seu paradeiro. Faz muito tempo que ele procura pelo seu pai. “Se não encontrar o meu pai, vou continuar a viver o mesmo inferno”, disse.