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Jovem espancada e violada sexualmente até a morte

Matola-Rio, domingo, 28 de Julho de 2013. Julinha Porfírio Cruz, de 27 anos de idade, despediu-se da mãe, Raquel Cossa, por volta das 15h:00, e foi a uma festa com as amigas. Era o último contacto entre a filha e a progenitora, uma vez que a jovem viria a ser espancada e violada sexualmente até a morte por indivíduos desconhecidos.

A vítima deslocou-se ao domicílio de uma amiga que mora a poucos quilómetros da sua residência. Como se adivinhassem que aquela era a última conversa que mantinham, as duas trocaram impressões, recordaram os bons momentos que juntas viveram algures e foram à festa que decorria em casa de uma outra amiga. Quando as duas amigas chegaram à residência conviveram e, por volta 17h:00, o banquete foi transferido para a casa da madrinha de Julinha, onde, para além de saborear vários pratos, cada convidado mostrou as suas habilidades na dança.

Por volta das 18h:30, Julinha recebeu uma chamada telefónica de um suposto namorado para ir ao seu encontro com vista a receber três cervejas compradas por 100 meticais, vulgo “3/100”. Antes de sair da festa, a jovem despediu-se das amigas e disse que não pretendia demorar-se. Ela levou três garrafas de cerveja num plástico com o intuito de beber pelo caminho enquanto esperava pela “quantidade” que o parceiro prometia comprar. Ela foi mas não retornou ao convívio.

Os moradores de Matola-Rio, na província de Maputo, estão preocupados com a crescente onda de criminalidade que impera em diferentes bairros, sobretudo na sua comunidade. Eles estão igualmente revoltados com a promoção da venda do álcool a baixo custo, principalmente das famosas três cervejas por 100 meticais, vulgo “3/100”, pois no seu entender os adolescentes, jovens e adultos têm sido induzidos ao consumo exagerado dessa “droga” relegando a escola e a família para segundo plano.

Uma hora depois de Julinha se ter ausentado da festa, as amigas começaram a ficar preocupadas. Quando ligavam, insistentemente, para o telemóvel dela só ouviam “neste momento não é possível estabelecer a ligação que deseja. Por favor, ligue mais tarde”. A notícia sobre um provável desaparecimento da rapariga alastrou-se pouco a pouco o desalento e desespero tomaram conta dos convivas.

Por volta das 20h:00, Raquel Cossa tentou estabelecer uma ligação para o telefone da filha mas apenas ouvia a melodia de uma secretária electrónica a pedir para que ligasse mais tarde. Até essa hora, ninguém sabia nada sobre o paradeiro de Julinha. Aflita, a mãe contactou a descendente mais velha, Cecília Porfírio Cruz, para lhe informar sobre o que estava a acontecer e perguntar se ela sabia algo sobre o paradeiro da irmã.

Na noite do dia 28, Raquel não conciliou o sono, tendo ficado com os nervos à flor da pele, pois nunca antes tinha passado algo semelhante. Ao raiar do sol de segunda-feira, 29 de Julho, Cecília Cruz deslocou-se à casa da mãe a fim de se inteirar do problema. Quando chegou, todos estavam deveras cansados de tanto chorar como se estivessem certos de que Julinha estava morta. Ninguém sabia dizer por onde começar as buscas com vista a localizar a jovem.

Corpo abandonado numa machamba

Na manhã do dia 29, por volta das 06h:00, uma das vizinhas de Raquel dirigiu-se à sua machamba, algures na Matola-Rio, onde viu um corpo sem vida a boiar numa bacia de um curso de água que os camponeses usam para regar as suas hortas. Ela aproximou-se e reconheceu o cadáver: Julinha Cruz estava morta, com sinais de agressão física em todo o corpo e de violação sexual, o que foi confirmado pelos médicos depois de vários exames. A família, que exige justiça em relação a este caso, e as estruturas do bairro esperaram quatro horas para que o corpo fosse removido devido à demora da Polícia.

Segundo Cecília, as amigas de Julinha contaram-lhe que na noite do dia 28 viram, de longe, os prováveis agressores e violadores mas não conseguiram fixar os rostos. Aliás, a jovem quando saiu disse que as pessoas que foram ao seu encontro na festa a fim de comprarem as tais “3/100” eram amigos de longa data e lhe ofereciam cerveja com frequência.

A nossa entrevistada explicou ainda que no momento em que os supostos agressores telefonaram para a jovem estavam numa barraca de uma das senhoras que comercializam bebidas alcoólicas na zona. A proprietária do estabelecimento confessou que escutou uma parte do conteúdo da ligação, tendo sublinhado que eles (os malfeitores) disseram que “ela não sabe o que lhe espera”.

Nesse contexto, Cecília acredita que as amigas conhecem os violadores, por isso, há necessidade de a corporação interrogá-las devidamente com vista a neutralizar os supostos criminosos.

Por sua vez, a mãe da jovem assassinada narrou-nos que não acredita no trabalho da Polícia porque até este momento nenhuma das pessoas que acabaram com a vida da filha foi detida nem há sinais de isso vir a acontecer. A corporação só interrogou um suspeito mas não foi detido alegadamente por falta de provas. A senhora acredita que Julinha foi morta num outro local e os malfeitores abandonaram o corpo naquela bacia de um curso de água como forma de despistar as autoridades que investigam o caso.

 

Texto: Redacção

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