Morreu nesta terça-feira aos 100 anos de idade, no Brasil, o ex-presidente da FIFA e ex-membro do Comité Olímpico Internacional (COI) João Havelange. Atleta olímpico e dirigente, dedicou a vida ao desporto.
Havelange presidiu a FIFA, entidade que controla o futebol mundial, de 1974 a 1998, tendo organizado seis Campeonatos do Mundo e criado os campeonatos sub-17, sub-20, a Taça das Confederações e o Mundial feminino.
“A maior façanha de Havelange como um administrador do futebol foi garantir um aumento da participação à nível mundial de selecções da Ásia, África, Concacaf e Oceania”, descreveu a FIFA no seu sítio na internet.
Em 1998, quando saiu do comando da FIFA para ser substituído por Joseph Blatter, que deixou o cargo após escândalos de corrupção na entidade, Havelange tornou-se presidente de honra. Mas o próprio Havelange viu-se forçado a renunciar a essa posição, depois que um relatório do comité de ética da FIFA descreveu como “moral e eticamente reprovável” o comportamento de Havelange na relação com a ISL, que era sócia da FIFA em acções de marketing, e faliu em 2001.
Comité Olímpico
O brasileiro foi também membro do COI, eleito em 1963. Em Dezembro de 2011, no entanto, renunciou ao posto. O ex-dirigente estava sob investigação do COI por suposta ligação com a ISL, antiga agência de marketing da FIFA que é suspeita de ter pago subornos a dirigentes da federação responsável pelo futebol mundial. A ISL faliu em 2001, com dívidas de 300 milhões de dólares.
Com o desligamento dias antes de uma audiência que analisaria sua conduta, Havelange evitou uma eventual expulsão do COI, que acabou anunciando que a investigação contra o brasileiro estava encerrada.
Jean Marie Faustin Godefroid Havelange, que nasceu no Rio de Janeiro em 8 de Maio de 1916, começou cedo a sua vida desportiva. Foi atleta infantil do Fluminense e se destacou em vários desportos.
Em 1936 participou dos Jogos Olímpicos de Berlim como nadador, e em 1952, em Helsinquia, disputou a Olimpíada como jogador de pólo aquático. A partir daí tornou-se dirigente e comandou a delegação brasileira em Melbourne, em 1956.
Dois anos depois assumiu a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que reunia 24 modalidades desportivas. Ficou no cargo até 1974. No período, o Brasil viveu sua maior glória no futebol, conquistando o tricampeonato mundial nos anos de 1958, 62 e 70.
Havelange, que se formou advogado em 1936, era membro nato permanente do Comité Olímpico Brasileiro (COB). Em 2009, participou da campanha vitoriosa do Brasil para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
No seu discurso, afirmou que esperava ver, aos 100 anos, a Olimpíada no seu país natal. “Queria convidar a todos a uma Olimpíada na minha cidade no ano do meu centésimo aniversário”, disse ele, sob aplausos, em Copenhaga.
A morte de Havelange acontece enquanto o Rio sedia a Olimpíada, a primeira realizada na América do Sul.
