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Jatrofa – Onde estão os resultados da cultura

Já se passaram pouco mais de cinco (5) anos desde que tivemos informação de que a província de Niassa seria um dos locais de referência na produção de biocombustivel a partir da cultura de Jatrofa. No âmbito da implementação desta iniciativa, a empresa Luambala Jatrofa Lda foi uma das que esteve encarregue de assegurar o sucesso desta iniciativa através da execução de várias actividades incluindo o estabelecimento de uma indústria de transformação e processamento.

A empresa Luambala Jatrofa Lda operacionaliza as suas actividades no distrito de Majune, posto Administrativo de Malanga que dista cerca de 100 km da capital provincial Lichinga. O investimento conta com capital proveniente a partir da sociedade institucional entre a empresa CHIKWETI FORESTS OF NIASSA SA e SILVESTRIA UTVECKLING AB que na altura, de acordo com o publicado no BR nº 15, III Série, Supl., de 15 de Abril de 2009 pág. 288( 13) a 2 contava com cerca de 100.000, 00 MT.

É de referir que naquele período o governo moçambicano, através do presidente Armando Guebuza, fez referência ao cultivo da jatrofa como sendo a solução à problemática do aumento frequente do preço dos combustíveis fosseis que se verificava no mercado internacional e consequentemente em Moçambique durante a crise económica mundial.

Foram realizadas, por parte do executivo moçambicano, várias acções de sensibilização da população do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, sobre a suposta importância económica que esta cultura representa para o país, tanto que tal acção criou muita expectativa no seio dos agricultores locais ao ponto de parte deles dedicar grande tempo e esforço no cultivo da jatrofa em detrimento de culturas alimentares.

Todavia, falouse dos supostos benefícios da cultura da jatrofa, como sendo uma cultura tolerante à seca e de elevada relevância no combate à erosão para além de ser resistente a doenças e pragas, sem no entanto terse revelado outros aspectos por sinal não menos importantes, como o facto de ter propriedades tóxicas e não só, pois de acordo com o De Rosário (2006), a jatrofa é uma planta que se desenvolve em qualquer agroecossistema e pode tornarse uma espécie invasora com efeitos negativos sobre a biodiversidade natural e o consumo da sua semente pelo homem pode causar efeitos nocivos como vómitos, desidratação, agitação e efeitos negativos no sistema nervoso.

Ademais numa análise à jatrofa, protagonizada em 2009 pela JA e UNAC, ” Jatropha, uma armadilha?As realidades do cultivo da Jatropha em Moçambiqueo”(I), mostrou que esta cultura, tal como muitas outras, requer cuidados para o seu desenvolvimento e estão susceptíveis a ataques de pragas e outras doenças.

Após tanta expectativa criada em volta da cultura da jatrofa, era de se esperar que fosse possível ver resultados positivos, como automóveis a circular com o biocombustível produzido através da jatrofa, ou pelo menos verficar melhorias nas condições de vida das comunidades rurais produtoras da jatrofa. No entanto, o que se verificou foi o contrário, as comunidades afirmam ter sido “ uma lição aprendida para posicionamentos futuros”. Até aos dias de hoje, pelo menos na província de Niassa, há famílias camponesas com frutos da jatrofa em casa à espera dos supostos compradores, até este dia chegar não sabe ao certo o que fazer com a cultura tão divulgada como esperança de um futuro promissor para Moçambique e para as famílias moçambicanas, ou seja, que destino dar a esta “milagrosa” cultura armazenada já à muito tempo nas casas de alguns produtores locais?

No local, A Justiça Ambiental constatou que actualmente a Luambala Jatrofa Lda, está a remover toda a plantação de jatrofa estabelecida nos seus campos de cultivo para dar lugar à plantação de soja que se diz ter maior produtividade.

São cerca de 60 trabalhadores espalhados pela plantação dedicandose ao corte e empilhamento dos ramos da jatrofa e segundo um dos representantes de trabalhadores daquela plantação, a jatrofa não está ser útil como se esperava, não está ser adequada para produção de biocombustivel e o rendimento por hectare não atingiu a percentagem esperada.

Facto curioso, é que os que estiveram fortemente envolvidos na mobilização para o cultivo da jatrofa, ainda não voltaram a tocar no assunto para dar a conhecer ao público no geral sobre o actual estágio da iniciativa, reais ganhos ou perdas que se obteve, como forma de se tirar lições aprendidas para iniciativas futuras, aliás seria interessante o pronunciamento das entidades governamentais para esclarecer o que se passou com o grande sonho da indústria da jatrofa.

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