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Japão: material nuclear pode ter derretido, aumentando risco de derrame mais grave

As varetas de combustível nuclear dos reatores 1 e 2 da usina nuclear japonesa de Fukushuma Daiichi foram parcialmente danificadas, disse esta quarta-feira (horário local) a Tokyo Electric Power Co. (Tepco), que opera a central. O dano no reator 1 foi de 70%, e no 2, de 33%. O núcleo dos reatores parece ter derretido parcialmente após a perda das funções de resfriamento, ocorridas após o terremoto de magnitude 9 seguido de tsunami que atingiu a costa no dia 11.

Mais cedo, o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, havia dito que um dano limitado poderia ter ocorrido no núcleo do reator 2 da usina nuclear de Fukushima. Em entrevista coletiva, ele afirmou que as notícias são preocupantes, e que existe “a possibilidade de danos ao núcleo” depois da explosão no reator 2.

As consequências do problema com o sistema de resfriamento dos reatores já preocupavam especialistas e autoridades. O sistema parou de funcionar por causa da falta de energia elétrica, que se seguiu ao terremoto, e da subsequente exaustão dos geradores de apoio, necessários para dar energia às bombas que levam a água do mar até o sistema de resfriamento. Com o sistema avariado, a água chega muito devagar aos reatores e ferve rápido demais. O temor era que justamente a temperatura elevada derretesse as as varetas de combustível, que isolam o urânio (o combustível nuclear). Agora, o risco é que as barras de controle, o vaso de controle (que abriga as varetas e as barras de controle) e ainda a contenção (que abriga o vaso de controle) sejam danificados pelo derretimento do urânio.

A situação é considerada grave porque há risco de derramamento do material radioativo. Além disso, o derretimento faz com que o núcleo do reator fique instável podendo ocorrer explosões – elas ocorrem porque o calor faz a água evaporar e no processo sobra hidrogênio, que é altamente inflamável. No limite, o interior do vaso de controle transforma-se numa bomba.

Os cientistas afirmaram que, caso todos os trabalhadores sejam retirados do local por medida de segurança, será difícil manter o sistema de refrigeração “improvisado”. Amano, que é japonês, estimou que o problema tenha afetado 5% do combustível nuclear. Segundo ele, é possível que tenha havido também danos na parte inferior do vaso de contenção primária, mas que isso não foi confirmado. “É uma racha? É um buraco? Não é nada? Isso não sabemos ainda”, afirmou Amano. Mas ele alertou que a pressão dentro do reservatório de contenção primária não diminuiu. “Se houvesse um dano enorme, a pressão cairia”, disse.

Incêndio

Um novo incêndio ocorreu nesta quarta-feira no reator 4 da central nuclear de Fukushima, um dia depois de uma explosão provocar um primeiro incêndio e danificar o teto do edifício que abriga o reator, anunciou a imprensa japonesa. O fogo começou às 5h45 locais, segundo a Tepco. Ele foi avistado por um dos funcionários que trabalham para evitar um desastre maior no local.

Na véspera, uma explosão provocou um incêndio no mesmo reator, que danificou o teto do prédio que o abriga. A instalação nuclear, na província japonesa de Fukushima, foi bastante afetada pelo terremoto de magnitude 9 seguido de tsunami que devastou regiões costeiras japoneses no dia 11. Três outros reatores foram afetados.

No meio da tensão causada pela crise nuclear, o país continua os trabalhos de resgate nas regiões costeiras devastadas. O número de mortos oficial passa de 3.300, mas as autoridades estimam que ele possa passar de 10.000.

Entretanto um órgão norte-americano especializado em segurança nuclear afirmou que a situação na usina Fukushima Daiichi “piorou consideravelmente” e que o acidente nuclear pode chegar ao nível 7 (acidente grave), o máximo na escala que mede incidentes nucleares. A avaliação é do Institute for Science and International Security (ISIS). Apenas o desastre de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, chegou a esse patamar. Um evento de nível 7 envolve uma libertação maior de material radioativo e requer medidas mais amplas. A entidade pediu à comunidade internacional que aumente a ajuda ao Japão para conter a situação de emergência nos reatores e para evitar uma contaminação maior.

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