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James Graham Ballard 1930 – 2009 – 78 anos

James Graham Ballard 1930 – 2009 – 78 anos

O escritor britânico James Graham Ballard, que ficou célebre pelo seu livro ‘Império do Sol’, adaptado ao cinema por Steven Spielberg, faleceu no passado domingo vítima de doença prolongada, anunciou o seu agente. Contava 78 anos e há anos de sofria de um cancro na próstata, vivendo retirado na sua casa a oeste de Londres onde vivia desde os anos 60’.

James Graham Ballard nasceu a 15 de Novembro de 1930 em Xangai, onde o seu pai dirigia uma empresa de têxteis. Imediatamente após a ocupação da cidade pelas forças japonesas, na sequência do ataque Pearl Harbour, em 1941, Ballard, com a família, é aprisionado num campo de concentração.

Deste tempo de detenção disse: “Não tenho recordações propriamente alegres do campo mas também não tenho recordações desagradáveis. Lembro-me muito bem da brutalidade de tratamento em relação aos presos e das trocas de prisioneiros que eram moeda corrente, mas nós, as crianças, passávamos todo o tempo nas mais variadas brincadeiras.” Esta experiência foi relatada de uma forma sublime em ‘Império do Sol’ (1984) que conta a história de um rapaz que vive numa cidade ocupada pelos japoneses.

Em 1946 acompanha os pais no regresso à Grã-Bretanha, onde irá viver até ao passado Domingo. Após ter efectuado estudos em medicina na universidade de Cambridge, foi sucessivamente piloto da Royal Air Force, comerciante, redactor numa agência de publicidade director-adjunto de uma revista científica, antes de se dedicar completamente à escrita.

O início da sua carreira literária não pressagiava a polémica e a paixão que despertaria nos anos seguintes. Ballard começou por escrever contos de ficção científica relativamente convencionais, mas depois partiu para outras aventuras bem ao estilo “new age”, focando-se no mundo para além das estrelas e na sociedade em seu redor. A imaginação e a qualidade de sua obra fizeram rapidamente de Ballard um sucesso comercial. A morte da sua esposa em 1964 provocou uma viragem no seu trabalho. ‘Um mundo cristalino’, a sua novela seguinte, centrou-se na transformação espiritual do mundo. ‘Crash’, uma das suas obras mais polémicas, adaptada ao cinema em 1966 por David Cronenberg, despertou amores e ódios, havendo quem o visse como “poesia pura” e quem o visse como “pornografia tecnológica”. 

Inquietante, visionário e em alguns casos apocalíptico, na década de oitenta J. G. Ballard consagrou-se como um dos escritores de referência das letras britânicas. A sua obsessão pela tecnologia, os desastres, o sexo e a violência despertou muitas desconfianças, mas é inegável que o seu trabalho causou sempre um enorme impacto. Tratava-se de um homem distinto que procurava o sentido da vida para além do século XX. Na última etapa da sua obra Ballard centrou-se nos perigos do capitalismo, particularmente visível no livro ‘Super-Cannes’ de 2001.

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