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Islamista moderado eleito presidente da Somália

Islamista moderado eleito presidente da Somália

O chefe dos islamistas moderados somalis, xeque Sharif Cheikh Ahmed, foi eleito presidente da Somália pelo parlamento nacional reunido no Djibuti, com a pesada tarefa de restabelecer a paz num país sem Estado e em guerra civil desde 1991. A eleição, que teve lugar no Djibuti devido à violência que se regista na Somália, surge como uma nova etapa de um longo processo para levar a paz a este país do Corno de África.

Logo que foi eleito, o líder religioso apelou a um amplo governo de união e convidou todos os grupos armados na Somália a juntarem-se ao processo de paz patrocinado pela ONU.

Na presença dos 430 parlamentares, Sharif Ahmed, líder da Aliança para uma nova Libertação da Somália (ARS), obteve 293 votos na segunda volta do escrutínio contra os 126 conseguidos por Maslah Siad Barre, filho do falecido presidente Mohamed Siad Barre, cujo golpe contra este marcou o início da guerra civil e o caos.

“Declaro Sharif Cheikh Ahmed presidente da Somália”, proclamou no passado dia 31 de Janeiro o presidente do Parlamento, Aden Mohamed Nur. “Formarei um governo que representará todo o povo somali”, prometeu o novo presidente, acrescentando: “Estendo a mão a todos os grupos armados somalis que se opuseram sempre a este processo de paz.”

O novo chefe de Estado prestou juramento no sábado numa cerimónia em Djibuti. “Vou-me ocupar pessoalmente da situação humanitária no país e darei prioridade aos deslocados de guerra”, declarou Sharif Ahmed.

O primeiro-ministro cessante, Nur Hassan Hussein, apresentado como um dos favoritos ao escrutínio, quedou-se pela terceira posição na primeira volta e retirou-se da competição anunciando que estava disposto a cooperar com o eleito com vista a fazer da Somália um país pacífico.

Sharif Cheikh Ahmed sucede na presidência a Abdullahi Yusuf Ahmed, demitido em Dezembro, e hostil a qualquer negociação com os islamistas. Sharif foi eleito por um parlamento alargado aos islamistas moderados e a representantes da sociedade civil. A eleição desenrolou-se num clima de permanente violência, necessitando os parlamentares de se reunir no estrangeiro. Os shebab, islamistas radicais que se opõem às instituições de transição estabelecidas desde 2004, tomaram no início da passada semana a cidade de Baidoa (250 quilómetros a noroeste de Mogadíscio), sede do Parlamento.

No quadro do processo de paz apresentado pela comunidade internacional à oposição islamista moderada e ao governo, o Parlamento devia abrir-se aos islamistas moderados e escolher um chefe de Estado mais consensual que Yusuf.

Os Estados Unidos saudaram sábado a eleição de Ahmed, afirmando-se “impacientes” por colaborar com ele no restabelecimento da paz no país. O representante especial da ONU para a Somália, Ahmedou Ould Abdallah, qualificou a eleição de “transparente”. “Este escrutínio poderá ser um passo em frente”, classificou, por seu turno, o primeiro-ministro etíope Meles Zenawi.

Recorde-se que Sharif Cheikh Ahmed propôs como condição para entabular um processo de paz com o governo somali a retirada do exército etíope deste país, onde estava oficialmente presente desde 2006 a expensas do governo somali para combater os islamistas. Addis Abeba afirmou no dia 25 de Janeiro que todas as suas forças se haviam retirado da Somália, abrindo caminho para a entrada dos partidários de Sharif Ahmed no Parlamento e para a sua eleição.

 

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