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Irmãos Manganhe mantêm declarações contra arguida Setina Titosse mas esta declara inocência em tribunal

Os irmãos Dércio, Gerson e Binaia Manganhe, que a 20 de Setembro passado compareceram ao tribunal como declarantes, voltaram a sentar no banco dos réus, na terça-feira (10), para acareação com Setina Titosse, acusada de ter orquestrado o desfalque de 170 milhões de meticais – em conluio com outros 23 co-réus – durante parte do período em que foi Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Fundo de Desenvolvimento Agrário (FDA). Eles mantiveram os depoimentos prestados há sensivelmente três semanas, contra Setina Titosse, que os rebateu alegando que tudo não passa de falsidade e não percebe por que motivo os três confrades e outros co-arguidos insistem em “faltar à verdade ao tribunal”, imputando-lhe acontecimentos que desconhece.

Os três condiscípulos reiteraram que nunca receberem financiamento algum do FDA, muito menos submeteram projectos e tão-pouco assinaram contratos para tal efeito. Todavia, dirigiram-se, certa vez, à sua residência da arguida Setina Titosse, que à data dos factos em julgamento era patroa de Milda Cossa, munidos fotocópias de bilhetes de identidade e NUIT.

Durante a conversa supostamente mantida com a antiga PCA daquela instituição do Estado, Dércio Manganhe, Gerson Manganhe e Binaia Manganhe, de 34, 33 e 32 anos de idade, respectivamente, foram orientados a procederem à abertura de contas bancárias no BCI.

Binaia constituiu a sua conta a 05 de Março de 2014, mas um dia antes tinha sido criada a de Gerson, enquanto a de Dércio foi aberta a 06 do mesmo mês e os comprativos entregues à Setina Titosse, por ordens da mesma.

A diferença entre as declarações dos três irmãos relativamente ao dia em que compareceram ao tribunal pela primeira vez e o dia das acareações, reside no facto de terem citado muito poucas vezes o nome da irmã Milda Cossa.

Em contrapartida, referiram-se recorrentemente, de forma directa e indirecta, a Setina Titosse como tendo sido ela quem lhes arrastou para o problema em que hoje estão mergulhados.

A ex-PCA conformou, porém, que já desembolsou pouco mais de 30 mil meticais – a título de empréstimo – a favor de Dércio, Gerson e Binaia, a pedido de Milda Cossa. Esta disse que os irmãos tinham sido contactados por um funcionário do Cartório Privativo do Ministério da Economia e Finanças para efeitos de assinatura de contrato de desembolso do financiamento.

Num outro desenvolvimento, a antiga chefe do FDA disse que nunca foi sua prática receber documentação relacionada com o seu trabalho fora do escritório.

“Eu mal conheço os irmãos da Milda, excepto o Gerson que vinha à minha casa fazer trabalhos com o meu primo”, disse Setina, salientando, também, que os cartões débito de Dércio, Gerson e Binaia foram confiscados pela própria irmã, alegadamente para ter a certeza de que o crédito que eles acabavam de receber não seria gasto em coisas fúteis. “Nunca usei cartão de algum deles. Eles estão cientes disso (…)”.

Face a estes pronunciamentos, Dércio tentou convencer o tribunal sobre a veracidade das suas palavras, argumentando que no dia em que se dirigiu à casa de Setina para entregá-la NUIT e fotocópias de bilhetes de identidade, a mando de Milda, manteve um breve contacto com Setina. Ele tentou descrever as circunstâncias em que tal conversa aconteceu na casa da ré Setina, mas esta negou tudo, afirmando que nunca, por exemplo, teve uma viatura da marca de cor referidas por Dércio.

Recorde-se Milda Cossa é irmã mais velha dos três irmãos e esposa de Humberto Cossa. Este é primo de Setina Titosse. Consta dos autos que Milda Cossa beneficiou-se de pelo menos 56 milhões de meticais do montante sacado ilicitamente do FDA.

Setinha desmentiu ainda que Abdul Rassul, esposo da sobrinha, tenha assinado algum contrato na sua casa. “Todos aqueles que solicitam financiamento submetem a documentação à secretaria do FDA”e, em seguida, são encaminhados ao departamento técnico para avaliação.

Não havia presumivelmente como ela rubricar acordo para desembolso de crédito com qualquer que fosse o mutuário, porque “os contratos são assinados” no Cartório Privativo do Ministério da Economia e Finanças, onde de deve pagar uma taxa. “O meu papel [como PCA] era emitir pareceres (…)”.

As acareações prosseguem esta quarta-feira (11), dia em que Milda será confrontada com a sua antiga patroa, Setina. Posto isto, as audiências irão novamente cessar, devendo-se retomar a 02 de Novembro próximo.

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