Cerca de seis milhões de dólares norte-americanos foram investidos na instalação de uma fábrica de descaroçamento de algodão, nos arredores da cidade do Xai-Xai, na província de Gaza, Sul de Moçambique, disse, a AIM, o sócio-gerente daquela unidade fabril, Higino Pateguane.
A fábrica, com capacidade de processar cerca de 80 mil toneladas de algodão caroço por ano, possui uma exploração agrícola própria, ocupando uma área de 3.000 hectares, onde produz algodão, na região de Nhacutse, que possui um potencial elevado para aquela cultura de rendimento. A área produtiva está dotada de um sistema de regadio que, segundo Pateguane, vai ajudar a maximizar a produção e, eventualmente, atingir quatro toneladas de algodão caroço por hectare, muito superior à média dos produtores familiares em Moçambique.
O início do descaroçamento de algodão está previsto para o mês de Outubro próximo. Actualmente, está em curso a montagem do respectivo equipamento, cuja capacidade e’ considerada muito superior a muitas outras existentes no país. “Nós sabemos que numa primeira fase não vamos poder aproveitar toda a capacidade instalada da fábrica, que é de 80 mil toneladas”, disse Higino Pateguane, esclarecendo que o aproveitamento será gradual, à medida que se for consolidando a cultura de algodão na baixa do Xai-Xai.
A nova fábrica de descaroçamento de algodão surge numa altura em que o sector algodoeiro em Moçambique se esforça para adoptar novas estratégias que visam revitalizar a produção de algodão, que segundo o Instituto do Algodão de Moçambique-IAM, tem vindo a registar uma queda preocupante. O director do IAM, Norberto Mahalambe, disse, recentemente, que na campanha 2008-2009, a produção de algodão caroço em Moçambique atingiu cerca de 65 mil toneladas, contra 70 mil toneladas na campanha anterior. Mahalambe referiu que a queda deve-se ao impacto da variação do preço no mercado internacional, que se reflecte na fixação do preço de compra ao produtor em Moçambique.
Acresce ainda a adopção de novas culturas de rendimento, tais como gergelim e a situação social ou conjuntural, que afecta tanto os produtores como as empresas algodoeiras. Aquele responsável afirmou que para a presente campanha, a perspectiva do Instituto do Algodão de Moçambique “é manter os níveis de produção, embora as chuvas tenham complicado o processo de produção logo no início” da safra.
A preconizada revitalização da produção passa, fundamentalmente, pela melhoria do sistema de informação climatológica das zonas com potencial produtivo, aumento das áreas de produção, sobretudo as do sector familiar, melhoria do processo de tratamento fitossanitário, formação de técnicos extensionistas, particularmente para o subsector do algodão. Em Moçambique, o algodão é praticado por mais de 300 mil famílias camponesas, constituindo, por isso, fonte segura de rendimento, e ao longo da sua cadeia de produção e manuseamento, cria mais de 20 mil postos de trabalho assalariado, incluindo os sazonais.
Cerca de 12 empresas têm hoje no algodão a sua actividade central, caracterizando-se por investimentos em fábricas de descaroçamento, facilidades de armazenamento, escritórios, meios de transporte e equipamento de produção agrícola. Cada empresa algodoeira representa, em média, um investimento de cerca de cinco milhões de dólares norteamericanos.