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Inspecção de viaturas: chapeiros ameaçam greve

Os operadores privados do transporte rodoviário de passageiros ameaçam entrar em greve caso o Governo moçambicano não abra uma excepção à decisão de iniciar hoje, sexta-feira, em todo o país, a fiscalização da ficha de inspecção de veículos e reboques.

Trata-se de uma medida que devia ter entrado em vigor a Um de Setembro de 2010, mas que foi adiada porque nem todos os centros provinciais de inspecção estavam operacionais, segundo justificou, na altura, o Instituto Nacional de Viação (INAV).

Contudo, as autoridades vinham sofrendo uma grande pressão, sobretudo por parte dos transportadores semi-colectivo de passageiros, vulgo “chapa”, que afirmavam ser praticamente impossível passar em todos os ‘itens’ exigidos na inspecção devido a actual realidade do país, particularmente no concernente as vias de acesso que estão num nível de degradação acentuado.

Aliás, segundo se argumenta, praticamente nenhum “chapa” é capaz de passar na inspecção, uma vez que quase todos sofrem de problemas mecânicos. A inspecção é obrigatória para veículos com mais de cinco anos de fabrico.

Este ano, o Governo voltou a decidir iníciar a fiscalização da ficha de inspecção de viaturas e reboques a partir de Um de Julho próximo, mas os transportadores insistem com o mesmo argumento do ano passado.

Em princípios deste mês, o Directorgeral do INAV, Taibo Issufo, disse que ninguém será excluído pela medida de inspecção, destacando que até as viaturas do Estado terão o mesmo tratamento em relação a essa questão. Entretanto, aparentemente, mais uma vez, o Governo terá de recuar na implementação desta decisão.

Na sua edição de quinta-feira, o jornal “Notícias” escreve que a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO) e o INAV estão em contactos de modo a evitar a paralisação dos “chapa” que até aqui garantem, mas com algum défice aliado a indisciplina, as ligações nos principais centros urbanos do país e não só.

Citado por esta publicação, o vice- Presidente da FEMATRO, Luís Munguambe, assegurou que a sensibilidade demonstrada pelo INAV, desde o princípio, não vai deixar espaço para a paralisação por conta das inspecções.

Munguambe manifestou-se optimista, indicando ter recebido garantias de que não se vai apertar o cerco e que em ocasiões anteriores se conseguiu um relaxamento das exigências nos centros de inspecção através do diálogo.

“Sabemos que as inspecções são importantes para que os donos dos carros conheçam as deficiências que apresentam, mas defendemos que tudo deve obedecer a algum gradualismo na sua implementação. Admitimos que o mau estado das viaturas concorre para a ocorrência dos acidentes de viação, mas verificamos também que o principal factor é a má formação dos condutores. Sabemos ainda que o INAV tem estado a fiscalizar as escolas de condução para melhorar a qualidade dos seus formandos”, disse Munguambe.

Igualmente, Munguambe disse que a sua agremiação está a sensibilizar os seus associados para que levem as suas viaturas para a inspecção, mas apelou também às autoridades para que não apertem o cerco porque ainda há muitas viaturas por inspeccionar. Com efeito, essa realidade pode ser constatada através das longas filas de viaturas que se verificam nos dois centros de inspecção existentes nas cidades de Maputo e Matola.

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