A indústria do cimento no país está a despertar grande interesse no seio dos investidores, havendo neste momento pelo menos cinco potenciais interessados, segundo o Ministério da Indústria e Comércio (MIC). Sidónio dos Santos, director nacional da indústria no MIC, disse estarem a decorrer negociações visando construir pelo menos mais uma fábrica de cimento, para estabilizar o mercado que se debate com sérios problemas no fornecimento deste produto chave para a construção.
“As negociações estão em diferentes estágios, dependendo do proponente, mas seguramente que teremos, ainda neste quinquénio, pelo menos mais uma fábrica a operar”, assegurou dos Santos. A fonte disse ainda haver uma complexidade de condições necessárias para a construção de uma fábrica como, por exemplo, estudos sobre os locais apropriados para a sua localização, impacto ambiental e existência e a qualidade da matéria-prima, entre outras.
A indústria nacional de cimento debate-se com alta de preços do produto no mercado e fornecimento irregular. Em relação as razões por detrás da oferta irregular do cimento no mercado nacional, Sidónio dos Santos aponta o facto de algumas fábricas estarem a produzir abaixo da sua capacidade instalada, para além da rápida expansão no ramo da construção civil que o país está a registar.
O país tem uma capacidade instalada de produção de cimento calculada em 1.262.800 toneladas ano, fruto do contributo das fábricas da Matola, província de Maputo, 600 mil toneladas; Dondo, na província central de Sofala, com 240 mil toneladas; Nacala, província de Nampula, com 250 mil toneladas.
A SUNERA, província de Maputo, tem capacidade para produzir 52.800 toneladas por ano. Sidónio dos Santos estima em 1.400 mil toneladas anuais as necessidades do mercado da construção, cifra que, por conseguinte, supera a capacidade instalada em Moçambique, mesmo com a existência das quatro fábricas.
A fonte disse também que um outro factor que concorre à instabilidade no fornecimento do produto e no respectivo preço é a existência de oportunismo na cadeia de distribuição do cimento, desde a altura em que sai do produtor até ao consumidor. “Se observarmos o canal de fornecimento do cimento, desde a fábrica até ao cliente, veremos que há vários intervenientes que se aproveitam da situação”, explicou dos Santos. Enquanto nenhuma panaceia for identificada, a situação se vai complicando em várias partes do país a ponto de, segundo o matutino “Notícias”, comprometer ou mesmo paralisar o curso normal de algumas obras de construção civil.