A Índia criticou duramente, esta Quarta-feira (9), o Paquistão devido a um raro confronto armado entre soldados dos países na disputada região da Caxemira, em que dois soldados indianos foram mortos, mas o incidente aparentemente não irá transformar-se em uma crise diplomática plena.
A Índia convocou o embaixador paquistanês em Nova Délhi para apresentar um protesto pelo confronto da Terça-feira, e acusou os soldados do país vizinho de adoptarem um comportamento “bárbaro e desumano”.
As autoridades indianas disseram que os paquistaneses cruzaram a militarizada Linha de Controle da Caxemira e dispararam contra uma patrulha da Índia.
O corpo de um dos soldados foi encontrado mutilado numa mata no lado controlado pela Índia, segundo Rajesh K. Kalia, porta-voz do Comando Norte do Exército indiano.
Mas ele negou relatos da imprensa indiana de que um dos corpos teria sido decapitado, e que outro teria tido a garganta cortada.
“Dois soldados indianos foram mortos no ataque, e os seus corpos foram submetidos a mutilações bárbaras e desumanas”, disse a chancelaria indiana em nota.
O ministro indiano da Defesa descreveu o incidente como “altamente provocativo”, mas o seu colega das Relações Exteriores procurou acalmar a situação, dizendo que o caso não deve prejudicar os actuais esforços de aproximação entre os dois rivais.
“Acho importante no longo prazo que o que aconteceu não seja ampliado”, disse Salman Khurshid em entrevista colectiva. “Não podemos e não devemos permitir a escalada de qualquer evento prejudicial como este. Precisamos de ser cuidadosos para que as forças… que tentam descarrilar todo o bom trabalho que tem sido feito pela normalização (das relações) não tenham sucesso.”
Khurshid não explicou a que forças se referia. Índia e Paquistão já travaram três guerras desde a sua independência, em 1947, sendo duas delas por causa da Caxemira. Ambos os países possuem armas nucleares.
Disparos e pequenas escaramuças são comuns ao longo dos 740 quilómetros da Linha de Controle, apesar de um cessar-fogo e da gradual melhora nas relações.
O Exército indiano diz que oito dos seus soldados foram mortos em 75 incidentes ocorridos em 2012. Mas incursões de qualquer das partes são raras, e uma reportagem da imprensa indiana disse que o incidente da Terça-feira – a 600 metros da fronteira “de facto” – marcou “o primeiro grande ingresso” desde o cessar-fogo de 2003.
A Índia considera que toda a região da Caxemira, um cenário de montes nevados e vales férteis, com população maioritariamente muçulmana, pertence ao seu território.
Já o Paquistão cobra a implementação de uma resolução de 1948 da ONU que estabelece a realização de um plebiscito para que os caxemires decidam a que país querem pertencer.