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Igreja Católica volta a queixar-se da deterioração da situação político-militar em Moçambique e apela ao abandono das armas

A Igreja Católica voltou à carga para mais uma vez dizer que nota, “com tristeza”, a deterioração da tensão política, “a intensificação e generalização do ambiente de desconfiança, do ódio e da hostilidade” em Moçambique, numa altura em que o Governo e a Renamo mantêm-se distantes um do outro. O diálogo político está interrompido há oito meses e de lá para cá a aproximação das partes em conflito não tem passado de uma mera intenção.

Em carta datada de 17 de Março em curso, produzida numa reunião de bispos na Beira, a Igreja Católica indica que no país “se multiplicam os sinais de paixão e morte, contínuas provocações e escaramuças que semeiam luto. Há escalada de criminalidade, da violência e dos raptos, da destruição de casas e de outras infraestruturas sociais e económicas.

Face a esta situação, é clara a “desestabilização do normal curso da vida”, o que, por conseguinte, compromete a “actividade produtiva e escolar” e cresce o número de “famílias em situação de deslocados e refugiados. A seca na região sul e nas zonas do centro, chuvas intensas, principalmente no norte do país, calamidades que comprometem a produção agrícola, resultando no agravamento da pobreza e fome”.

Segundo a Igreja, a Páscoa é a vitória da vida sobre a morte e do perdão sobre a ofensa, pelo que “sejamos aliados da vida e não da morte. Obedeçamos todos à palavra da escritura, que está inscrita nos nossos corações: não matarás”.

O Governo e a Renamo, de acordo com aquela congregação, devem abandonar em absoluto as armas e retomar imediatamente o diálogo eficaz, envolvendo outras forças da sociedade.

Não é a primeira vez que a Igreja Católica apela as partes em conflito para que tomem consciência em relação ao sofrimento que causam ao povo. No ano passado, condenou “a incoerência entre o que se diz e o que se faz”, principalmente em relação aos discursos dos que alegam ser amantes da paz e buscam mecanismos para devolvê-la aos que dela estão despojados.

Ainda no ano passado, os bispos católicos pediram para mediar a crise política que está na origem do crescimento da consternação da população, mas o que têm visto desde essa altura é o escalar do conflito.

O clima de cortar à faca alastra-se. O Governo, a quem todos nós devemos exigir o fim deste caos, tem optado por desacreditar e diabolizar a Renamo para justificar o seu fracasso nos esforços de busca da paz. Por sua vez, a “Perdiz” insiste em acusar o Executivo de falta de seriedade, ao chumbar as suas propostas – entre elas a de governar as seis províncias onde reclama vitória nas últimas eleições gerais – supostamente para acabar com a falta de democracia no país.

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