O nacionalista de esquerda Ollanta Humala foi o vencedor da primeia volta da eleição presidencial peruana e deve enfrentar a candidata de direita preferida pelos investidores no segundo turno de 5 de junho, indicaram os resultados oficiais mais recentes na segunda-feira.
Ex-oficial do Exército, Humala despontou nas pesquisas depois de amenizar a retórica anticapitalista, prometendo uma mudança gradual para garantir que os milhões de pobres peruanos se beneficiem com a expansão de uma das economias que mais crescem no mundo.
Com 85,4 por cento dos votos da eleição de domingo apurados, as autoridades afirmaram que Humala tinha 31,2 por cento dos votos e Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, vinha em segundo lugar, com 23,2 por cento. O ex-banqueiro de Wall Street Pedro Pablo Kuczynski aparece em terceiro, com 19,4 por cento. “Ollanta é o mais perigoso, mas Keiko também tem suas questões”, disse Kuczynski a jornalistas.
Os peruanos que votaram em Kuczynski e em outros candidatos moderados terão dificuldade para escolher entre Humala, que liderou uma curta revolta militar em 2000, e Fujimori, cujo pai foi preso por corrupção e violação dos direitos humanos. Keiko Fujimori, de 35 anos, assumiu o papel de primeira-dama no governo do pai e muitos eleitores votaram nela por causa do governo autoritário de 1990 a 2000, embora ela apoie as reformas pró-livre mercado, a quem se atribui o crescimento na casa dos 9 por cento do Peru.
Ela prometeu manter a economia exportadora de energia e minerais expandindo numa taxa de 7 por cento, reduzindo os custos dos negócios e a burocracia a fim de promover o investimento. Assim como Humala, porém, ela prometeu elevar as taxas sobre os lucros das mineradoras para financiar programas de bem-estar social para os pobres. Os dois líderes têm forte apelo entre os eleitores de baixa renda, especialmente nas áreas andinas, e as pesquisas indicam um empate virtual entre ambos no segundo turno.
A conquista do voto da classe média urbana do Peru será crucial. “Ela poderá ser a favorita entre os segmentos da população de renda média e alta, o que exercerá um papel decisivo na eleição”, disse Benito Berber, da Nomura Securities. Humala, de 48 anos, passou à frente de seus rivais mais pró-mercado na campanha eleitoral ao se colocar como um moderado, mais próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se distanciando de seu ex-mentor político, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Eu mudei muito”, disse ele na semana passada, prometendo melhorar as condições para investidores.