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Hospitais sem medicamentos

Ensino em Moçambique expansão versus qualidade

 

A cólera já matou mais de duas mil pessoas e a assistência médica entrou em colapso.

“Tragam medicamentos, alimentos e cobertores”, lê-se num cartaz pregado na entrada do hospital central do Grupo Parirenyatwe, o maior do Zimbábwè, no centro de Harare. Embora pareça estranho pedir esses materiais aos familiares dos doentes, os Zimbabweanos, aflitos, correspondem ao pedido.

São as más políticas e os baixos salários que afectam o hospital de Parirenyatwa, mas não é o único a sucumbir à falta de medicamentos, demissão de médicos e escassez de fundos.

Todos os hospitais mais importantes encerraram. O pano de fundo é um surto de cólera atribuído à deficiente distribuição efectuada pela Autoridade Nacional da Água (Zinwa), que obrigou alguns habitantes a beberem água contaminada de poços abertos nos quintais.

A Organização Mundial da Saúde já contabilizou mais de duas mil mortes.

Várias agências de ajuda humanitária e a UNICEF têm introduzido no país toneladas de medicamentos e fundos para fornecer tanques de água potável, mas a estação das chuvas renova os receios de um significativo aumento de número de mortes.

Só as morgues funcionam

Bulawayo, a segunda maior cidade do Zimbábwè, encerrou o bloco operatório depois de ficar sem os principais medicamentos necessários para todas as acções de salvação. O hospital United Bulawayo – um dos dois principais hospitais públicos do Sul do país – suspendeu as intervenções cirúrgicas na semana passada, depois de ficar sem anestésicos.

Doentes de cirurgia estão a ser transferidos para dispendiosas clínicas privadas como a Mater Dei, gerida pela Igreja católica.

Um outro hospital estatal da cidade, o Mpilo General, não está a receber doentes do United, também por falta de medicamentos.

“Mpilo não tem anestésicos. A situação é muito crítica, porque significa que os hospitais de Bulawayo, que deviam servir quatro províncias, não estão equipados nem para acidentes de viação”, disse um médico.

Tanto o Hospital Central de Harare como o Chitungwiza encerraram as unidades de consulta externa e as urgências. Só a morgue funciona.

“Estes são os efeitos das sanções ocidentais ilegais contra o Zimbábwè. Temos um sério desafio pela frente, como a falta de consumíveis e medicamentos básicos para cirurgias”, declarou o vice-ministro da Saúde, Edwin Muguti.

Para tentar algumas unidades a funcionar, o Governo introduziu sistemas de pagamento em divisas nalguns hospitais. Uma pessoa tem agora de pagar 700 Meticais para ser vista por um médico, quantia que aumenta segundo a seriedade da doença. E as cirurgias e partos custam entre 2.100 Meticais 10.500 Meticais num país onde a maioria das pessoas ganham menos de 20 euros por mês.

O desemprego atinge os 80% e a taxa de inflacção chegou aos 200 milhões porcento.

“O encerramento dos hospitais é um sinal claro de como este país foi destruído por Mugabe e pelo seu partido Zanu PF.

Destruíram tudo, desde a educação à economia e agora o sistema de saúde”, diz Lovemore Madhuku, professor de Direito Público na Universidade do Zimbábwè.

“O dinheiro que ele gastou nos seus palacetes e no guarda-roupa da mulher era suficiente para manter os hospitais em funcionamento”, afirma Madhuku.

 

 

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