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“HIV/SIDA não deve ter cara feminina”

Muitas mulheres grávidas fazem o teste do HIV/SIDA para saber do seu estado de saúde e evitar uma possível transmissão do vírus para a criança, mas também mais de metade da população moçambicana é composta por mulheres que constituem a camada mais vulnerável no acto de transmissão da doença.

Por esses e outros factores, é comum considerar-se o HIV/SIDA como um problema das mulheres, acabando-se por feminizar a doença. Alguns intervenientes da sociedade civil contrapõem a feminização da doença do século defendendo ser uma atitude incorrecta que a sociedade por vezes toma, para não assumir a responsabilidade colectiva sobre a propagação da doença.

Durante muito tempo, a mulher foi educada para ser submissa no lar e na sociedade, sem poder na tomada de decisão. Isso faz com que as mulheres continuem com essa mentalidade de aceitar que tudo o que de mal contece é da sua responsabilidade. “Transferir a responsabilidade do HIV/SIDA para as mulheres é parte dessa educação. Temos que inverter tal mentalidade, porque a mulher tem capacidade para identificar o seu real papel na construção da sociedade ”, salientou a coordenadora da Mulher, Nacima Figia.

Porém, a mudança de mentalidade não é um processo fácil, exigindo um grande investimento por parte do Governo na área de advocacia. A sensibilização deve ser direccionada e bem preparada, com monitoria e avaliação permanentes. As leis também não vão alterar o cenário, se não forem bem implementadas através do envolvimento do grupoalvo, que são as mulheres. “É importante que elas estejam capacitadas para dizer não ao sexo desprotegido, e façam o planeamento familiar ”, defendeu a coordenadora da Mulher.

Ao invés de ser a mulher a portadora inicial do HIV/ SIDA, ela é mais propensa a contrair a doença, se for tomado como exemplo a prática da poligamia por parte do homem. Culturalmente, é comum um homem ter muitas mulheres, acabando por criar uma rede de contaminação e propagação da doença. A activista de Saúde Sexual e Reprodutiva, Maria Salomé, levantou a questão das mulheres cujos maridos trabalham na vizinha Africa do Sul, que por vezes regressam em estado avançado da doença.

“Caso haja uma relação sem o uso do preservativo, pode haver uma contaminação do vírus para a esposa,” disse. Esses são alguns factores que levam a crer que o HIV/ SIDA não é um problema das mulheres, nem dos homens, mas da sociedade em geral, pois tanto o homem como a mulher podem ser portadores da doença, e dependendo do seu comportamento sexual, podem transmí- la a qualquer indivíduo.

Os dados sobre a seroprevalência do HIV não podem ser estabelecidos apenas com base nos resultados da testagem de mulheres grávidas, mas devem constituir o resultado abrangente de todos os testes efectuados, tanto em homens como em mulheres.

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