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HIV/SIDA: Moçambique deve apostar na qualidade do tratamento

A Comunidade de Sant’Egídio considera que Moçambique precisa apostar na qualidade do Tratamento Antiretroviral (TARV) para garantir eficácia nos esforços de combate ao HIV/SIDA. O TARV foi introduzido no país em 2002 e neste momento abrange pouco mais de 200 mil doentes de SIDA. Segundo Paola Germano, da Comunidade de Sant’Egídio, não basta apenas expandir o tratamento, é preciso fazer o acompanhamento do mesmo para ver se está a resultar ou não.

 

Falando esta semana a jornalistas, em Maputo, ela frisou que há muitos doentes a beneficiarem de tratamento, mas também existem tantos que abandonaram por várias razoes. Uma das causas do abandono do TARV está ligada aos efeitos colaterais do medicamento, para alem da falta de uma alimentação adequada para sustentar a terapia.

“O grande desafio no combate ao HIV/SIDA em Moçambique é a qualidade. Muitas pessoas fazem o tratamento e depois desistem. É preciso organizar um sistema que não é só de expansão do TARV, mas que também inclua o acompanhamento dos doentes para reduzirmos as perdas. Temos que ver se o tratamento que é administrado esta a dar efeitos ou não, de forma a agirmos imediatamente”, afirmou a fonte.

As autoridades sanitárias moçambicanas reconhecem que a qualidade do tratamento é indispensável. Para reduzir o abandono do tratamento devido a falta de alimentação adequada, o Governo introduziu, ano passado, um ‘kit’ alimentar e nutricional para os doentes em TARV.

Outro desafio apontado por Paola Germano é a prevenção vertical, ou seja, da transmissão do vírus de mãe para filho, durante a gravidez. Para a interlocutora, se Moçambique pretende ter uma geração sem HIV/SIDA, deve investir no tratamento da mulher grávida infectada pelo vírus com a triterapia e não apenas com a niverapina.

A triterapia é a associação de três antiretrovirais num único comprimido, que já se mostrou eficaz e permite simplificar o tratamento. Ela (triterapia) já esta a ser utilizada para o tratamento de adultos em todo o Mundo, incluindo em África. Com a triterapia há muito mais certeza de que a criança que nasce de uma mãe seropositiva esta saudável e não contem o vírus.

Neste momento, a prevenção vertical em Moçambique é feita através da administração da niverapina. Para Paola Germano, o uso da niverapina é o mínimo que se pode fazer, porque este comprimido tomado apenas uma vez (durante o parto) não produz resultados. “Moçambique deve ser mais ambicioso nos esforços contra o HIV/ SIDA, caso queira ter no futuro uma geração sem esta pandemia”, disse a fonte.

A interlocutora frisou que o país deve, contudo, continuar a apostar na sensibilização das pessoas sobre a prevenção do HIV/SIDA, evitando comportamentos de risco. A par da prevenção vertical, bem como do controlo da qualidade do tratamento antiretroviral, a sofisticação dos laboratórios e formação de quadros da saúde são fundamentais para auxiliar as unidades sanitárias em todo o país.

O acompanhamento dos doentes em TARV requer a realização de exames como o ‘CD4’, que visa contabilizar o número de células protectoras existentes no organismo do paciente, o que permite aferir a eficácia do TARV. Outro teste fundamental é o de carga viral, que visa avaliar a progressão do vírus HIV no corpo do doente.

Entretanto, as unidades sanitárias nacionais têm enfrentado grandes dificuldades para realizar estes exames. A situação é mais grave quando se trata do teste de carga viral, que quase não se efectua ao nível dos serviços públicos de saúde no país. Estima-se que existem no país 1,6 milhão de pessoas infectadas com o vírus causador da SIDA. Neste momento, cerca de 200 mil doentes de SIDA beneficiam do TARV e estima-se que mais de 500 mil carecem deste tratamento.

O TARV é a grande esperança dos doentes de SIDA para prolongarem as suas vidas, visto que esta doença ainda não tem cura e nem vacina.

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