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Histórias de 918 em discurso directo

Histórias de 918 em discurso directo

Continua a ser uma estrela fulgurante, quase seis anos depois de vencer um concurso nacional de descoberta de talentos. Hoje, com uma horda de fãs – na sua maioria do sexo feminino – vive um dilema: provar que Ace Nells e Nelson Nhachungue, apesar de serem o mesmo sujeito, são pessoas diferentes e com personalidades distintas na forma de estar. Enquanto o primeiro é simplesmente arte, o segundo é filho, irmão, noivo e apresentador de TV. Histórias de 918 é o seu álbum de estreia.

A história de Nelson Nhachungue já não é a de um rapaz de 19 anos que venceu um concurso de descoberta de talentos. Agora, ele cresceu, já é um jovem com quase 25 anos de idade e desdobra-se entre apresentador de televisão e músico. Habituámo-nos à sua presença nos canais de TV, e não só. Também nos palcos. Devido à sua exposição nos meios de comunicação social como apresentador, o nome de Nelson Nhachungue tornou-se uma marca gravada na memória de uma legião de admiradores que vai ofuscando o pseudónimo Ace Nells.

Os seus admiradores, na sua maioria, conheceram-no como Nelson Nhachungue. Hoje o grande desafio tem sido convencer os seus fãs de que Nelson Nhachungue e Ace Nells são “pessoas distintas” e têm de ter tratamentos diferentes. “As pessoas só vêem Nelson e não Ace Nells, elas não conseguem separar. Existe uma diferença: um é artista e outro é apresentador de TV e cidadão normal”, diz o músico e apresentador.

O casamento com a música

Nascido em Maputo a 14 de Dezembro de 1986, Ace Nells – de nome verdadeiro Nelson Elísio Célio Nhachungue – desperta para o universo da música quando contava os seus 11 anos de idade. Ou seja, foi concretamente em 1997 que a paixão pela música começa, após ouvir tocar o agrupamento K10, e acompanha-o até hoje.

“Quando miúdo, gostava de assistir aos ensaios dos K10”, conta. E acrescenta: “sofri bastante com a morte de alguns integrantes assim como com a dissolução da banda”, comenta o músico que viu o seu nome ganhar os holofotes da fama.

Mas foi no grupo de Rap denominado Organização de Putos Rappers (OPR), constituído por jovens músicos ImprO e Bagas, que Ace Nells começa a dar os seus primeiros passos na arte de canto e composição, e a paixão pela música foi-se intensificando. Decidiu aprender a tocar piano e, mais tarde, viria a interromper as aulas.

O músico, que também é apresentador de TV, é mais do que alguém que vive esta arte. Aliás, diga-se, Ace Nells “respira” a música e a sua grandeza criativa está longe de se esgotar apenas no estilo musical RnB. “Sinto a música. Gosto de música ao vivo e gostaria de fazer afro-jazz”.

Tal como outra criança que nasce numa família de classe média, Nelson teve uma infância tranquila. Ser músico e apresentador de TV nunca lhe atravessou os sonhos de menino. “Nunca sonhei em ser músico. Fui muito mimado”, diz.

Primeiro, desejava tornar-se arquitecto mas percebeu que não tinha jeito para desenho, então optou por ser economista e a matemática viria a ser o bicho-de-sete-cabeças. Mais tarde, desperta para a advocacia – gosto que foi ganhando com o tempo, uma vez que o seu pai é advogado. “O meu pai dava algum trabalho para eu digitar e fui-me familiarizando com os termos jurídicos”. Hoje, está a terminar o curso de Direito.

Incursão pela fama

Os que andam ligados à televisão começaram a render-se ao seu talento no concurso de descoberta de talentos na música, o Fama Show, quando transcorria o ano de 2005. Na altura, só havia olhos e aplausos – e também votos – para ele. Esteve em primeiro lugar em 14 das 17 galas, além da cerimónia da final, claro, que constituíam o concurso. Nelson destacou-se apresentando músicas RnB. “Apostei neste estilo musical porque sempre me identifiquei com ele”, diz.

Nunca havia passado pela sua cabeça que seria o vencedor do concurso, pois, diz com a modéstia devida, “existiam concorrentes melhores do que eu”. Mas duma coisa tinha a certeza: chegaria à final.

Entrou no concurso numa altura em que já havia concluído a 12ª classe. “A minha mãe é uma pessoa que está e gosta de estar sempre ocupada e transmitiu-me isso. Portanto, eu não queria ficar em casa sem fazer nada, então decidi entrar no Fama Show, pois sabia que ia ter aulas de canto”, explica para depois dizer que “não entrei para ganhar o carro”, até porque nunca foi uma pessoa optimista e com auto-estima. “Antes do Fama, eu era uma pessoa muito tímida e reservada”.

Após o término do concurso, o autor de “Será”, música que o ajudou a manter-se na ribalta, teve de lidar com a fama, o assédio e as emoções em ebulição das suas fãs. “Hoje, as coisas estão mais calmas. Só quando realizo um show é que oiço gritos e nem consigo ouvir a música. É difícil lidar com as fãs de sexo feminino, pois tenho sofrido o assédio de mulheres de todas as idades”.

Em 2005, ainda na Academia do Fama, recebeu o convite para ser apresentador de TV na STV e, mais tarde, surge uma outra proposta da 9TV, actualmente TIM. Nelson escolheu a última por ser a melhor, visto que, além de um bom salário, dispôs-se a pagar-lhe um curso numa instituição privada.

Noivo há pouco mais de quatro meses, Nelson pretende ter um filho ainda este ano e casar-se daqui a dois anos, “se tudo correr bem”. “Já plantei várias árvores, tenho um CD que posso considerar um livro, falta um filho que vou encomendar este ano”, diz.

Histórias de 918

Histórias de 918, lançado nos finais do ano passado (2010), é o álbum de estreia do jovem músico moçambicano Ace Nells que conseguiu lançar ao fim de cinco anos de trabalho. E o resultado não podia ser diferente: a obra discográfica transcende a sua essência. A sua magia está em cativar os ouvidos mais recatados.

O corpo do seu trabalho ao longo dos cinco anos é notável em cada uma das 15 músicas que compõe o Histórias de 918. Ousou chamá-lo assim, pois pretende imortalizar o número de identificação no concurso. “Tinha de fazer algo para este número porque fez muito por mim. Sou 918, explica.

O CD, sob a chancela da Vidisco Moçambique, não é uma soma de clichés, pelo contrário, dá-nos um Ace Nells maduro e descontraído. Disposto em capítulos, nomeadamente Jardim do Éden, Oitavo Pecado, Outra fase da paixão, Atrevimento, O Ás do palco e Outra face da moeda, o disco é uma fusão bem conseguida de RnB, Pandza e Blues.

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