Gyula Horn, que na qualidade de último chanceler da Hungria comunista abriu um rasgo na Cortina de Ferro, em 1989, morreu aos 80 anos após uma longa doença, disse o governo húngaro nesta quarta-feira.
Decisões tomadas por ele contribuíram para desencadear os tumultuados meses em que os regimes comunistas do Leste Europeu desmoronaram como dominós, em que o Muro de Berlim foi derrubado e em que tanques soviéticos se prepararam para deixar países que haviam passado quase meio século sob ocupação. Para Horn, foi um ano agitado em uma carreira marcada por paradoxos.
O homem que ajudou a desmantelar o bloco comunista nunca foi perdoado por alguns compatriotas pelo papel que ele desempenhou bem antes, ao contribuir para a repressão soviética a um levante pró-democracia em 1956. E, em 1994, ele voltou ao poder, já como ex-comunista, no cargo de primeiro-ministro.
Attila Mesterhazy, presidente do Partido Socialista (oposição), ao qual Horn era filiado, disse em seu site que “o húngaro moderno perdeu seu líder mais definitivo, a Hungria perdeu um dos seus primeiros-ministros mais bem sucedidos, e a Europa perdeu uma das figuras mais duradouras na transição a partir do comunismo”.