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Guerrilha colombiana completa 45 anos enfraquecida e restrita a pequenas ações

A guerrilha colombiana das Farc completa 45 anos na próxima quarta-feira, no contexto de seu pior momento militar, obrigada a recorrer a uma estratégia de pequenos golpes, emboscadas e atentados para manter viva o que chama de “a guerra negada pelo governo para não reconhecer o caráter político da insurgência”.

Num comunicado divulgado neste final de semana na internet, o grupo afirma que apenas em março deste ano 297 rebeldes morreram e 340 ficaram feridos em combate.

Enfraquecida após a morte, em 2008, de três dos sete membros de seu comando central – o chamado Secretariado -, o texto diz que homens como Manuel Marulanda (mais conhecido como ‘Tirofijo’, fundador da guerrilha, morto em consequência de um infarto) e Raúl Reyes, número dois do grupo, “continuam vivos nos fuzis e no projeto político das Farc”. Mas as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que surgiram em 1964 de um movimento de resistência na região de Marquetalia para reivindicar o direito dos camponeses à terra, estão longe de desaparecer.

Com um contingente estimado entre 6.000 e 7.000 homens, as Farc mantêm presença em zonas de plantação de coca, da qual obtêm entre 400 e 600 milhões de dólares por ano, segundo o ministério colombiano da Defesa. O novo comissário de paz do presidente Alvaro Uribe, Frank Pearl, calculou no começo do mês que acabar com a guerra levará “de 15 a 20 anos”, incluindo um bom caminho para a reconciliação.

Apesar da perda de ‘Tirofijo’ e Reyes, à qual se somam as capturas e deserções de autoridades médias, a principal guerrilha da América Latina mantém muito pouco do controle que já exerceu sobre o território colombiano, principalmente depois da chegada de Uribe ao poder, quando seus militantes foram expulsos de estradas e povoados.

Agora, parece privilegiar uma estratégia de atentados explosivos e emboscadas menores. Além disso, depois dos ataques, os guerrilheiros se retiram para zonas de selva ou montanha, para minimizar o impacto da reação militar. Nos primeiros meses de 2009, a guerrilha organizou uma onda de atentados – três deles com carros-bomba – em Bogotá e nas cidades de Cali (sudoeste), Neiva (sul) e Convención (nordeste), que deixaram 10 pessoas mortas e 36 feridas.

Em março, um ataque com dinamite ao aqueduto de Villavicencio deixou a cidade, de 300.000 habitantes, sem água por uma semana, enquanto pelo menos 30 militares morreram nos dois últimos meses em emboscadas nas províncias de Norte de Santander, Guaviare e Nariño. O grupo ainda mantém reféns 22 militares e policiais, e ainda tenta negociar com o governo um acordo para trocá-los por 500 de seus combatentes presos, incluindo três mantidos nos Estados Unidos.

“As Farc voltaram para a guerra de guerrilhas, sua estratégia inicial de combate, porque já não têm o poder que tiveram há alguns anos”, explicou à AFP o coronel aposentado Germán Pataquiva, que fez parte da força ‘Omega’, cuja missão era combater os rebeldes nas selvas do sudeste colombiano.

Segundo Pataquiva, esse revés se deve especialmente ao aumento da capacidade de reação aérea das Forças Armadas colombianas, com o fortalecimento da aviação militar e policial na qual foi investida boa parte dos 5,5 bilhões de dólares que Washington já disponibilizou para o Plano Colombia desde 2000.

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