Após mais de uma ano de guerra, envolvendo Forças Governamentais e guerrilheiros do partido Renamo, dezenas de moçambicanos mortos e centenas de feridos foi finalmente assinado cessar em Moçambique. José Pacheco, chefe da delegação do Governo de Moçambique e Ministro da Agricultura, e Saimone Macuiane, chefe da delegação do partido Renamo e deputado do Parlamento, assinaram o documento na noite deste domingo (24) na cidade de Maputo.
“Mandatados por Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, e por Afonso Dhlakama, presidente do partido Renamo, declaram o cessar das hostilidades militares, em todo o território nacional com efeitos imediatos” anunciou o chefe dos observadores moçambicanos, o académico Lourenço do Rosário, no final da 74.ª ronda de diálogo, realizada no Centro de Conferências Joaquim Chissano.
O chefe dos negociadores da Renamo nas conversações com o Governo disse, após a assinatura de um cessar-fogo, que o país “entrou numa nova era” e que “valeu a pena o sacrifício”.
“Hoje Moçambique entra numa nova era, num novo modelo de democracia efectiva, onde as eleições podem ser transparentes e haja liberdade e justiça”, declarou Saimone Macuiane.
“Estamos a criar uma verdadeira República de Moçambique para todos os moçambicanos, e não uma monarquia para algumas famílias, estamos a criar um verdadeiro Estado de Direito para todos, em que cada um se sinta protegido, respeitado e dignificado”, declarou o líder da representação do maior partido de oposição em Moçambique.
José Pacheco, o chefe dos negociadores do Governo, disse que ?havendo necessidade de iniciar a implementação imediata do memorando e como passo subsequente à lei da Amnistia, impõe-se a declaração recíproca e simultânea do fim das hostilidades?.
“O memorando de entendimento que formaliza a cessação das hostilidades militares será visado por sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, e sua Excelência Afonso Macacho Marceta Dhlakama, presidente do partido Renamo, em cerimónia pública nos próximos dias”, acrescentou Pacheco.
Antes da consumação do documento de cessar fogo, as partes alcançaram um entendimento traduzido na assinatura do memorando de entendimento, com as garantias para a implementação dos consensos alcançados nas conversações, e os termos de referência para a vinda ao país dos observadores internacionais, que vão monitorar o desarmamento das forças da Renamo e a integração na defesa e segurança.
As negociações entre o Governo e a Renamo não terminaram estão ainda na mesa do diálogo dois pontos.