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Grelhas em extinção

Grelhas em extinção

Infra-estruturas das rodovias ameaçadas

 

O roubo de grelhas nas rodovias preocupa as autoridades municipais e os automobilistas. Para estancar estes actos de vandalismo e melhorar a drenagem das águas fl uviais, o município traça estratégias que podem passar pela colocação de tampas não metálicas. 

 

 

 

Para se inteirar mais do assunto, @Verdade entrevistou o engenheiro Fernando Nhampossa, Director Adjunto do Departamento de Infra-estruturas do Conselho Municipal. Segundo este responsável normalmente as grelhas atravessam toda a via e drenam a água no mais curto espaço de tempo, constituindo, portanto o elemento número um da pavimentação. O valor do ferro no mercado de sucata impulsionou nos últimos tempos o roubo de grelhas, a um nível tal que as autoridades municipais chegaram ao ponto de soldar quase todas as grelhas, o que difi culta o trabalho de limpeza das valetas. É sempre necessário fazer limpeza nas valetas devido aos resíduos sólidos que se acumulam, o que difi culta a drenagem das águas (fl uviais) para o mar. Aliás, quando uma criança cai no buraco (onde já não há grelha), só pode ser procurada na praia ou baía porque estas águas transportam-na para lá. Nhampossa não consegue quantifi car o número de grelhas roubadas. “Colocamos hoje, amanhã estão quase todas roubadas por pessoas que nem calculam o preço da reposição. Depois soldamos mas o trabalho de limpeza torna-se difícil.” O Conselho Municipal tem um projecto de colocação de tampas de betão para evitar este tipo de vandalismo. Estáse também a pensar negociar com as sucatas para que estas sirvam de elemento de apoio às estruturas municipais, no sentido de não comprarem qualquer grelha ou tampa metálica. Segundo Nhampossa, o custo de fabrico de cada tampa da grelha chega a rondar os quatro a cinco mil meticais, sendo o da grelha ainda mais alto. “Estamos a pensar reduzir o número de elementos metálicos nas grelhas e tampas. Mas também há necessidade de sensibilizar os cidadãos fazendo-os ver que as grelhas e tampas não são sucatas, mas sim bens valiosos. A sua remoção pode trazer graves problemas. A sua reposição é mais cara e lenta,” concluiu o responsável pelo Departamento de Infra-estruturas do Conselho Municipal. @Verdade interpelou Uaciquete, cidadão residente no Bairro da Mafalala. Uaciquete diz ter presenciado uma situação em que uma criança se aleijou no joelho num buraco em que fora roubada uma grelha, tendo sido imediatamente levada para o Centro de Saúde da Polana. Pedro Th embisse, automobilista, tem notado a ausência de grelhas em muitas partes da cidade e província de Maputo, mas o que importa, segundo ele, é sempre procederse à reposição das mesmas ou estudar-se alguma forma mais rentável de fazer face a esta situação pouco cómoda. Th embisse explicou que na Avenida Angola as grelhas foram roubadas tendo-se fechado a valeta com pedras e cimento, mas esta medida não é de louvar porque não oferece segurança. Th embisse sugere que as estruturas municipais arranjem um tipo de metal que não seja roubado para tapar as valetas. Afi nal, quem remove as grelhas? Os cidadãos interpelados pela @Verdade afi rmam nunca terem vendido grelhas. Explicam ainda que têm receio da polícia. “Para o Governo, é crime remover grelhas e as suas tampas. A polícia prende quando encontra alguém a fazê- lo,” explica Nuno Ernesto, jovem de 22 anos, residente no bairro de Hulene. Este entrevistado, que se fazia acompanhar pelo seu irmão mais velho, de nome Khumane Mutheima, de 23 anos, confessa que está nesta profi ssão há 3 anos. Mas a mesma não é muito proveitosa porque após trabalhar arduamente durante um mês leva para casa cerca de 3 mil meticais. “Compramos o ferro velho a preços aleatórios, mas chegados às sucatas, vendemos em quilos, portanto o quilo custa 5 meticais. Hoje, por exemplo, gastamos 500 meticais na compra deste produto, mas pode ser que não ganhemos até o dobro do despendido. Mas o que importa é que utilizamos este dinheiro na alimentação, vestuário e outras coisas do dia-a-dia,” afi rma Nuno. Em jeito de contribuição, Khumane explica que a venda do ferro velho é uma forma de remover a “sujidade” dos quintais. “Estamos a contribuir para a limpeza da cidade. Preferimos fazer este trabalho a andar por aí a roubar bens dos outros.” Outra dupla entrevistada, nomeadamente Alfeu Ofi ce, de 25 anos e seu irmão Fernando António, de 26 anos, neste trabalho há 2 anos, afi rma que as sucatas compram os seguintes tipos de material: inox, alumínio, bronze, cobre, bateria, ferro, etc. “Vender ferro velho é uma forma de contribuir para a limpeza da nossa cidade e, consequentemente, criando ainda trabalho aos que não têm acesso ao mercado do emprego,” concluiu Ofi ce.

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