O instável governo de coligação da Grécia conseguiu aprovar, esta Quarta-feira (17), um projeccto de lei para demitir trabalhadores do sector público, enquanto milhares de pessoas gritavam frases contra as medidas de austeridade em frente ao Parlamento.
A votação foi o primeiro grande teste para a coligação de dois partidos do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, desde que perdeu um aliado depois do fecho abrupto da emissora estatal no mês passado, que o deixou com uma maioria de apenas cinco deputados no Parlamento de 300 lugares.
Depois da meia-noite desta Quarta-feira em Atenas, 153 dos 293 parlamentares presentes votaram a favor do projecto de lei, cuja aprovação foi necessária para desbloquear quase 7 bilhões de euros em ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional.
O projecto inclui planos extremamente polémicos para a transferência e demissão de 25 mil funcionários públicos, principalmente professores e policiais municipais, que tinham provocado uma semana de marchas, manifestações e greves quase que todos os dias.
Cerca de 5 mil gregos foram para frente do Parlamento com a aproximação da votação, com alguns cânticos “nós não vamos sucumbir, a única opção é resistir” e segurando balões pretos, apesar de o comparecimento ter sido muito menor do que nos protestos do ano passado.
“Depois de 12 anos no emprego, demitem a gente numa noite”, dizia entre soluços a vigilante escolar Patra Hatziharalampous, de 52 anos, que protestava de uniforme. “Se eles tiverem o mínimo de coragem, deveriam dizer não ao resgate (financeiro internacional) e retirar alguns artigos da lei.”
Numa tentativa de aplacar os protestos, Samaras anunciou, horas antes da votação, o primeiro corte de impostos na Grécia desde o início da crise fiscal no país, há quase quatro anos.
“Apesar das dificuldades, coisas importantes e significativas estão a acontecer no nosso país”, disse Samaras, num inesperado pronunciamento de rádio e TV, anunciando que o imposto sobre valor agregado (IVA) nos restaurantes, elevado a 23 por cento em 2011, será reduzido para 13 por cento a partir de Agosto.
“Não vamos relaxar. Vamos continuar morro acima, vamos chegar ao topo, que não está longe, e dias melhores virão para a nossa gente”, disse ele. O primeiro-ministro disse que o corte contribuirá para reduzir a evasão tributária, um grande problema no país e uma das razões para a crise da dívida de 2009.
Ele alertou, no entanto, que a alíquota voltará a 23 por cento se a evasão não diminuir. Desde 2010, a Grécia já recebeu dois resgates financeiros de 240 bilhões de euros, mas em contrapartida precisou de cortar salários do funcionalismo e elevar impostos. O país está em recessão há seis anos, e o desemprego é de 27 por cento.