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Graça enaltece projecto de transformação da Samora Machel

A Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), Graça Machel, considera positivo o projecto de transformação da Avenida Samora Machel numa praça contínua entre as Praças de Independência e 25 de Junho, em discussão entre o Conselho Municipal de Maputo e a Câmara Municipal de Barcelona, em Espanha.

Graça Machel falou na manhã de quinta-feira num encontro com uma delegação da Câmara Municipal de Barcelona, liderada pelo respectivo vice-Presidente, Carles Martí, que se encontra em Maputo para, entre outros aspectos, discutir questões ligadas à execução deste projecto de reabilitação da Avenida Samora Machel. O projecto visa transformar a Avenida Samora Machel, na zona baixa da cidade de Maputo, numa via predominantemente pedonal, trazendo as pessoas para o meio da via, ao contrário do que acontece normalmente com as outras avenidas do país.

Ao abrigo do projecto, a Avenida Samora Machel passará a ser uma via que será a continuidade da Praça da Independência e servirá para grandes eventos, actividades culturais, devendo, a via, ser usada como um lugar de encontros e como um local de comércio, entre outras actividades, trazendo à avenida uma nova forma de estar. Na ocasião, Graça Machel recebeu explicações detalhadas sobre o projecto, e aproveitou a ocasião para falar dos problemas que enfermam a Cidade de Maputo, particularmente a zona baixa da urbe, que, segundo ela, foi muito bem desenhada, apresentando-se em forma de rectângulos.

“Isso facilita a orientação da pessoa e, em princípio, também devia ser fácil ter redes de energia e de água e sistemas de esgotos a funcionar muito bem, porque, realmente, o desenho da cidade é muito geométrico, mas com o tempo, nós não temos tido capacidade de fazer manutenção da nossa cidade”, lamentou Graça Machel. Segundo a presidente da FDC, “Maputo é uma cidade bonita, mas é uma cidade triste, não tem cor, e vê-se de várias maneiras que é uma cidade negligenciada”, apontando três grandes factores que concorrem para o estado em que se encontra a cidade.

O primeiro, segundo a fonte, reside no facto de logo após a proclamação da independência, em 1975, Moçambique ter recebido um fluxo muito grande de pessoas que quiseram vir para a cidade, embora fosse um fluxo que era controlado. O segundo foi a eclosão da guerra, obrigando as pessoas a virem para a cidade por razões de segurança. A cidade cresceu muito, mas não havia maneira de controlar o seu crescimento, e mesmo depois do fim do conflito armado, muito poucas pessoas voltaram para as zonas rurais.

“Nós ficamos com um espaço propriamente urbanizado muito pequeno para uma população, de longe, maior do que aquilo que teria sido previamente pensado”, explicou Graça Machel. O terceiro factor apontado pela fonte é o facto de Maputo, como qualquer outra cidade africana, ter um grande fluxo de pessoas à cidade, e estudos dizem que até ao ano 2020, África vai ter, se calhar, cerca de 25 cidades com mais de 10 milhões de habitantes, o que representa um crescimento incrível. Neste aspecto em particular, segundo a presidente da FDC, “enfrentamos dois grandes problemas, pois não temos sequer recursos humanos capazes de pensar nesse crescimento e lidar com ele na magnitude da demanda”.

O segundo problema e mais grave ainda é que são cidades muito pobres que não gerem ainda recursos próprios, e mesmo onde há pessoas que pensam no que se pode fazer não há, segundo a presidente, recursos para materializar. Para Graça Machel, há, vivamente, uma degradação progressiva das cidades, ‘e em qualquer cidade moçambicana isso é visível, pelo que uma parceria com cidades grandes como Barcelona é bem-vinda, e esta possibilidade de, juntamente com o Município de Maputo, remodelar a Avenida Samora Machel é louvável. “Samora Machel pertence a Moçambique, à África e ao mundo, mas também pertence a nós como família, pelo que qualquer coisa que esteja associada ao nome dele nos diz sempre muito no coração. Deram-me uma grande alegria hoje e eu fico com o meu coração muito mais quentinho”, afirmou.

Na sua opinião, este projecto é bem-vindo e, sem dúvida, contribuirá para a melhoria do aspecto da cidade, realçando o facto de a Samora Machel ser uma “avenida nobre”, porque começa em frente ao Conselho Municipal, na Praça da Independência, e vai até ao mar. A Praça da Independência foi o local onde se realizou a primeira reunião pública após a proclamação da independência, no Estádio da Machava, em que o então presidente da República foi instituído e falou à nação, tendo sido por isso que se chama Praça da Independência.

Depois disso, muitos dos emblemáticos comícios que Samora Machel dirigiu no país foram naquela praça, e todos os grandes actos públicos, por exemplo, a tomada de posse de todos os presidentes, desde Samora Machel, Joaquim Chissano e agora o Presidente Armando Guebuza, tiveram lugar na Praça da Independência.

O projecto da Avenida Samora Machel traduz a continuidade da cooperação entre o Município de Maputo e a Câmara Municipal de Barcelona, que iniciou com um trabalho de apoio ao município na arrumação e organização dos arquivos municipais e depois com a reabilitação do centro cultural municipal Ntsindya. O projecto está ainda na fase inicial e deverá ser levado ao Conselho Municipal e, posteriormente à Assembleia Municipal, de modo a que, a partir daí, Barcelona, conjuntamente com o Município de Maputo, possa encontrar recursos para a sua execução.

Todos estes projectos têm o condão de uma parte ser financiada pela Câmara de Barcelona, entrando com a maior fasquia, e a outra pelo Município de Maputo. Tal como explicou o arquitecto Paulino Pires, director-adjunto de Infra-estruturas para a área de Estudos e Projectos do Conselho Municipal de Maputo, pretende-se, com este procedimento, dar maior presença do munícipe, para se sentir também confortável em fazer parte deles. Referir que o vice-presidente da Câmara Municipal de Barcelona, Carles Martí, reafirmou, na ocasião, o desejo daquela câmara de envidar esforços para a materialização do projecto.

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