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Governo holandês cai por divergências sobre Afeganistão

O governo de coalizão holandês, em divergência sobre a prorrogação da missão das tropas do país no Afeganistão, chegou ao fim, anunciou na madrugada de sábado o primeiro-ministro Jan Peter Balkenende. Balkenende apresentou neste sábado a renúncia do governo à rainha Beatriz, anunciou à AFP seu porta-voz Henk Brons.

Balkenende conversou por telefone com rainha, que está de férias na Áustria, e apresentou a renúncia do gabinete, explicou o porta-voz. “Vou apresentar à rainha a demissão dos ministros e secretários de Estado do PvdA”, declarara durante a madrugada Balkenendem, a respeito do Partido Trabalhista, em uma entrevista coletiva em Haia.

“Vou colocar à disposição as pastas e funções dos outros ministros e secretários de Estado”, completou. “A rainha Beatriz aceitará que o governo não pode governar”, afirmou o porta-voz do ministério do Interior, Vincent van Steen. “Todos esperam que a rainha dissolva o governo e convoque novas eleições o mais rápido possível”, completou à AFP, antes de ressaltar que a votação deve acontecer provavelmente antes do verão (hemisfério norte), em junho no mais tardar.

Neste caso, os ministérios do Partido Trabalhista devem ser atribuídos temporariamente aos outros dois partidos de coalizão. As próximas eleições legislativas estavam programadas para março de 2011. Os ministros de três partidos da coalizão de centroesquerda se reuniram na sexta-feira para examinar o pedido da Otan para que a Holanda permaneça por mais um ano no Afeganistão, até agosto de 2011, com uma missão reduzida.

O Partido Trabalhista do ministro das Finanças, Wouter Bos, um dos três partidos da coalizão, rejeita de forma categórica o prosseguimento da missão holandesa em Uruzgan, província com forte presença talibã. O primeiro-ministro Balkenende e seu ministro das Relações Exteriores, Maxime Verhagen, foram pressionados, em particular pelos Estados Unidos, para a manutenção das tropas holandesas no Afeganistão.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, pediu a Holanda em uma carta com data de 4 de fevereiro a permanência das tropas em Uruzgan até agosto de 2011, em uma missão de treinamento das forças afegãs. Nenhum consenso foi alcançado na quarta-feira em uma reunião dos líderes dos três partidos da coalizão, o premier Jan Peter Balkenende, Wouter Bos e, pela União Cristã (CU), Andre Rouvoet.

Os deputados pediram uma decisão ao governo até 1º de março. Wouter Bos foi acusado por vários partidos de tentar se aproveitar da situação a duas semanas das eleições municipais, programadas para 3 de março, em um momento de baixa de seu partido nas pesquisas. A missão holandesa no Afeganistão sempre foi impopular no país. Os soldados holandeses se encontram em Uruzgan como parte da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan, uma força que tem 85.000 soldados.

Vinte e um soldados holandeses morreram no Afeganistão desde o início da missão, em agosto de 2006. A Holanda tem 1.950 soldados em Uruzgan. A retirada da tropa deve começar em agosto e ser concluída até o fim do ano. A Otan reagiu à crise na Holanda e defendeu uma missão reduzida do país. “O secretário-geral continua pensando que o melhor prosseguimento possível para missão seria uma nova operação, menor, depois de 2010”, declarou à AFP o porta-voz da Aliança Atlântica, James Appathurai.

Apresentada como um exemplo no cenário internacional, a missão da Holanda no Afeganistão tem agora um futuro incerto. “É um debate holandês que a Otan respeita”, disse Appathurai.

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