O Governo moçambicano convidou na passada sexta-feira (10), em Maputo, os empresários moçambicanos e estrangeiros a investirem no sector de embalagens no país. Segundo a Vice- Ministra da Planificação e Desenvolvimento, Amélia Muendane Nakhare, num contexto internacional de grande competição e integração regional, Moçambique deve orientar os seus esforços para a revitalização e modernização da sua industria de embalagem.
Nakhare disse que o grande desafio do país é desenvolver capacidades para inovar e gerar tecnologias apropriadas de modo a reduzir o choque da erosão gradual da competitividade da indústria nacional de embalagem. Neste contexto, a governante moçambicana convidou o empresaeriado nacional a abraçar este importante desafio.
A Vice-Ministra falava durante uma conferência organizada pelo Instituto para a Promoção de Pequenas e Médias Empresas (IPEME), por ocasião da realização da II Feira Internacional de Embalagens e Equipamento de embalagem (MozNegócios), que decorre desde a última quarta-feira, na capital moçambicana. Na conferência participam para além de empresários e produtores moçambicanos, representantes da Alemanha, Índia, Brasil e Africa do Sul. Segundo ela, o sector carece de bases para o seu impulsionamento de modo a satisfazer as necessidades básicas da produção para o consumo interno, bem como para o desenvolvimento de produtos orientados para a exportação. “Moçambique tem enfrentado necessidades crescentes de embalagem nos últimos anos, resultante do seu rápido crescimento económico, num contexto em que o mercado internacional de embalagem é mais competitivo e com regras em constates mudanças na busca de satisfazer as exigências do consumidor”, disse.
No passado, Moçambique teve uma indústria de embalagem diversificada, desde a plástica, de papel e cartonagem, metálica, de vidro, de madeira e a sacaria diversa, como sisal e juta, que permitiam a auto-suficiência do país, assim como a divulgação da sua imagem no mercado internacional. A situação reverte-se nos anos 80, quando a capacidade de produção reduz no país e o sector de embalagem ficou paralisado. Desde essa altura aumentaram as importações destes artigos. Nos últimos 20 anos, o país tem estado a envidar esforços para revitalizar a indústria. Nesse sentido, o Governo aprovou uma série de incentivos para atrair mais investimentos.
Actualmente, funcionam em Moçambique 33 empresas neste sector, das quais 27 com embalagem plástica, quatro de cartão canelado e duas de embalagens metálicas. Nakhare referiu que existem várias oportunidades de investimentos em diversos sectores de actividade identificados pelo Governo, cujo impacto se reflecte no desenvolvimento e consolidação da indústria de embalagem. Tais oportunidades existem nos sectores da agricultura, pescas e aquacultura, bem como indústria. Na agricultura existem oportunidades na produção de cereais, frutas, flores, citrinos, castanha de caju, pimentas e paprica, bem como diversos vegetais, para o mercado local e para a exportação.
“A comercialização no mercado local e de exportação destes produtos requer embalagens de elevada qualidade, que muitas vezes são importadas”, frisou. No que refere a pesca e aquacultura, a Vice-Ministra explicou que a maior parte da embalagem para o acondicionamento do pescado, com destaque para o camarão, que vai para a França, Espanha, Portugal, Japão e China são importados. “Um dos grandes desafios do país é acrescentar valor aos seus produtos primários e, desta forma, maximizar os seus recursos naturais. Este sector, nas suas várias vertentes, oferece oportunidades de investimento em quase todo o país. A indústria têxtil, de transformação de produtos agrícolas, de transformação de alumínio, carvão, gás, petróleo, ferro e aço, entre outros são alguns dos exemplos a ter em conta pelo sector de embalagens”, salientou. Por sua vez, a Odete Semião, do Centro para a Promoção de Investimentos (CPI), disse, na ocasião, que existem inúmeras oportunidades de investimento neste sector, visto que os projectos em implementação neste país localizam-se apenas em cinco das 11 província do país.
Por outro lado, existe défice de operadores de embalagens de vidro e plásticas para acondicionamento de leite, iogurte e sumos, bem como de papel para batata, entre outros produtos. “Neste momento existem vários projectos em curso na cidade e província de Maputo, um em Manica, outro em Sofala e sete em Nampula e Nacala-Porto. Estes dados mostram que há oportunidades para se investir mais no sector de embalagens”, defendeu. A questão da embalagem é importante e influi na apresentação do produto, bem como na credibilidade da sua qualidade.