Pouco mais de 300 pessoas reuniram-se na capital queniana, Nairobi, nos dias 2 e 3 de Julho em curso, para discutir a ascensão da media cidadã a nível mundial. Os blogueiros, tradutores e académicos de 60 países defenderam a necessidade de se continuar a levar a voz do cidadão ao mundo e propuseram alguns mecanismos para facilitar o acesso à informação e às ferramentas de expressão.
O slogan “O mundo está a falar, você está a ouvir?” da Global Voices não é essencialmente um cliché desta rede internacional, pelo contrário, mostra a dimensão e o poder desta que é a maior comunidade de blogueiros que traduzem, reportam e defendem blogs e media cidadã de todo o mundo. Na cidade de Nairobi, no Quénia, cerca de 300 pessoas, dentre eles blogueiros, tradudores e académicos, juntaram-se num encontro denominado “Citizen Media Summit 2012” para discutir o futuro dessa organização, cujo objectivo principal é ampliar a voz do cidadão.
Os primeiros dois dias que antecederam a cimeira foram dedicados à apresentação de diversas propostas e projectos para continuar a levar a voz da população ao mundo. O Global Voices tem um “programa” de advocacia que tem vindo a ajudar as pessoas a comunicarem- se ou a expressarem-se nas regiões ou países onde não há liberdade de expressão.
Além disso, está a desenvolver um programa para permitir que mais pessoas, cujas vozes e opiniões não são ouvidas pelos meios de comunicação existentes, se comuniquem num projecto denominado “Língua”. Refira- se, também, que o Global Voices tem um programa, Rising Voices, que apoia 37 projectos em todo o mundo visando ajudar a colocar as suas comunidades online.
Durante a cimeira, nos dias 2 e 3, houve discussões plenárias, grupos temáticos e sessões abertas, nas quais os activistas fizeram uma apresentação sobre a sua habilidade para escrever a sua opinião e partilhar com o resto do mundo, além de transmitir a experiência de alguns países sobre como provocar mudanças trabalhando em conjunto.
Os debates não se restringiram apenas à importância de ampliar a voz do cidadão, mas também centraram-se no papel da “media social” nesse processo e os desafios que têm os membros desta comunidade que já conta com pelo menos 500 colaboradores espalhados pelos quatro cantos do globo.
Dentre os diversos assuntos debatidos, destacam-se as discussões sobre a influência dos cidadãos que “blogam” na diáspora devido a razões políticas dos seus respectivos países, a importância do uso correcto da Internet e do SMS para reportar situações do dia-a- -dia das comunidades.
Além disso, foram apresentadas as experiências de “pequenos” países que atraíram da atenção dos media mundiais, como é o caso de Moçambique aquando das revoltas populares de 1 e 2 de Setembro, e o exemplo de Mali, Guiné-Conacri e Tanzania na valorização das línguas maternas na Internet, mantendo-as vivas.