Nos últimos anos, quando se aproxima a Quadra Festiva, os comerciantes moçambicanos galgam os preços e conseguem amealhar muito dinheiro ganho de uma forma desonesta, só que desta vez os compradores decidiram não aceitar os preços especulativos, apanhando muitos vendedores desprevenidos.
A especulação dos preços durante a quadra festiva já tem raízes profundas no mercado moçambicano, onde os preços de todos os produtos básios aumentam de forma galopante nas vésperas do Natal e do Fim-de-ano.
Como é hábito, este ano os comerciantes “esticaram” os preços na esperança de ter a “colaboração” dos cidadãos. Contudo, para a sua surpresa, este ano, os compradores não responderam a essas expectativas devido a perda da sua capacidade de compra ou mesmo porque tinham o objectivo de punir os vendedores pela sua desonestidade.
Como resultado, cerca de cinco mil sacos de batata reno apodreceram no último fim-de-semana nas bancas do Mercado Grossista do Zimpeto, arredores da cidade de Maputo. Em princípios de Dezembro corrente, um saco de 10 quilogramas de batata-reno custava entre 180 meticais (cerca de 5,4 dólares americanos) a 210 meticais, mas na semana passada a mesma quantidade chegou a ser comercializada a preços que variam entre 250 e 280 meticais.
Citado pelo jornal “Notícias” da terça-feira, o presidente da Associação Moçambicana dos Micro-Importadores (AMMI), Fernando Matusse, lançou a culpa aos cidadãos por não terem comprado toda a batata que os comerciantes haviam importado para abastecer o mercado nacional.
“Lamentamos a situação, porque tínhamos instalado uma capacidade de oferta para evitar a especulação, mas, infelizmente, não tivemos resposta por parte dos compradores e entramos em prejuízo”, disse Matusse.
Nesta notícia, Matusse não faz referência a ocorrência de casos de especulação, apontando apenas que a deterioração deste produto deveu-se ao fraco movimento de compradores registado nos dias 24 e 25, durante os quais o mercado esteve praticamente as moscas.
Contudo, o mesmo Fernando Matusse assegurou, em princípios deste mês, que os preços da batata não iriam ultrapassar os 220 o saco de 10 quilogramas, promessa que, como se viu, não foi cumprida.
Com esta lição, a sociedade espera que os vendedores reflictam sobre a forma mais honesta de fazer o seu negócio, observando métodos com vantagens mútuas para si e seus clientes.
Os prejuízos registados no último fim-de-semana poderiam ter sido minimizados se o preço da batata se tivesse mantido nos 220 meticais, conforme a promessa inicial dos importadores.
Se todos os cinco mil sacos de batata tivessem sido comercializados, os vendedores teriam conseguido 1,1 milhão de meticais, valor que acabou por se perder porque eles tencionavam ganhar 50 ou 60 meticais a mais em cada saco comercializado.