O grupo dos oito países mais industrializados do mundo, o G8, concluiu nesta sexta-feira sua cúpula de três dias em L’Aquila, Itália, com a aprovação de um plano de luta contra a fome de 20 bilhões de dólares, cinco bilhões a mais que o anunciado anterior, informe o chefe de Governo italiano, Silvio Berlusconi.
“Nós tivemos a satisfação de sermos capazes de aumentar de 15 para 20 bilhões de dólares em três anos”, afirmou Berlsuconio, o anfitrião do encontro. Os líderes do G8 afirmam em um comunicado que o dinheiro será usado na concessão de crédito e tecnologia.
A meta é garantir o abastecimento de alimentos no mundo, segundo uma declaração conjunta. “Celebramos os compromisos adotados pelos países representados em L’Aquila, de mobilizar pelo menos 20 bilhões de dólares em três anos para assegurar o desenvolvimento duradouro da agricultura, ao mesmo tempo que mantêm a determinação de fornecer uma ajuda alimentar de urgência adequada”, afirmam os líderes do G8, as potências emergentes e os países africanos presentes em L’Aquila.
“Continuamos profundamente preocupados com a segurança alimentar mundial, o impacto da crise financeira e econômica e o aumento dos preços dos alimentos ano passado, que afeta os países menos capazes de enfrentar o agravamento da fome e da pobreza”, completa a nota dos governantes na “Iniciativa de L’Aquila sobre a segurança alimentar”, da qual a AFP obteve uma cópia.
“Apesar da redução dos preços dos alimentos básicos em comparação aos níveis recordes de 2008, continuam em níveis historicamente elevados e instáveis”, completa a declaração. No último dia do encontro, o G8 assegurou que a África não será esquecida nessa crise econômica, como comprovou a participação da Argélia, Angola, Egito, Etiópia, Líbia, Nigéria, Sengal, África do Sul e União Africana (UA) no encontro de L’Aquila.
A FAO, a agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, prevê que um bilhão de pessoas sofrerão com a fome no mundo, 100 milhões a mais que no ano passado. Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, saudou a “feliz e corajosa mudança de política” das grandes potências. Na coletiva de imprensa que se seguiu ao término da cúpula, o presidente Barack Obama afirmou que a reunião de cúpula do G8 foi altamente produtiva depois de três dias discutindo os grandes desafios do planeta.
Nesse sentido, declarou que os líderes do G8 estão seriamente preocupados com os espantosos acontecimentos registrados no Irã depois da reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad e pelo programa nuclear iraniano. “Continuamos seriamente preocupados com os espantosos acontecimentos que se produziram em torno da eleição presidencial, e profundamente perturbados pelos riscos de proliferação nuclear que o programa nuclear iraniano representa para o mundo”, declarou.
“Oferecemos um caminho para que o Irã assuma sua justa posição no mundo. Mas esse direito implica responsabilidades, e esperamos que o Irã opte por cumpri-las”, disse ainda, acrescentando que a situação do Irã será avaliada na reunião do G20 de setembro, nos Estados Unidos. Os líderes do G8 também concordaram que a recuperação total da economia ainda está longe e que, por isso, não podem abandonar as medidas de estímulo ao crescimento.
“Nossos mercados melhoram, parece que evitamos o colapso mundial, mas reconhecemos que ainda há muita gente se debatendo pelos efeitos da crise”, declarou Obama. “Por isso concordamos que a recuperação total ainda está longe, que é prematuro relaxar em nossos planos de estímulo e que devemos continuar nos esforçando para que essess planos formem a base de uma recuperação forte e duradoura”, concluiu.
